Sangramento após relação sexual: o que pode estar te causando isso?

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sangramento após relação sexual

Passar por um sangramento após relação sexual é uma condição que ocorre ao menos em algum momento da vida da mulher, e que caracteriza uma experiência desagradável relativa à sua sexualidade.

A perda de sangue após relação geralmente em pouca quantidade e durante um curto período, e podem ocorrer em mulheres de todas as idades.

O que pode ser sangramento após relação?

Existem diversas causas possíveis para a ocorrência de sangramento após relação, e também de diferentes níveis de gravidade.

Isso, temos desde fatores físicos como a prática sexual muito forte, infecções sexualmente transmissíveis (ISTs) adquiridas, até casos mais graves como endometriose e até mesmo câncer de colo do útero.

Dada essa diversidade de causas para ocorrência de sangramento após a relação, dá-se a importância de consultar um ginecologista para que se verifique o motivo do sangramento e que sejam fornecidas orientações à mulher para o devido tratamento da condição.

No Brasil, o Sistema Único de Saúde (SUS) fornece assistência de forma gratuita à mulher em suas Unidades Básicas de Saúde (UBS), encontradas próximas ao seu local de moradia.

Nestas, a mulher passa por consulta com enfermeira (o), pode ter a coleta do preventivo realizada (também conhecido como Papanicolau) — exame esse que verifica se há alterações ao nível celular do útero — e tem atendimento médico especializado. Portanto, caso observe este sinal em seu corpo, não deixe de procurar um serviço de saúde.

Não podemos esquecer também que é natural que durante a primeira relação sexual a mulher experimente um sangramento vaginal, este devido ao rompimento do hímen, uma película localizada na entrada da vagina.

Entretanto, esse rompimento nem sempre acontece na primeira vez, podendo ocorrer na segunda, terceira, ou mesmo depois de muitas relações, pois, há himens que são mais elásticos (ou seja, complacentes) e suas rupturas podem ser mais difíceis de ocorrer.

Sua ruptura pode ou não causar alguma dor, dependendo do tipo de hímen.

Deve-se observar também que o rompimento do hímen pode ocorrer pela masturbação, onde há a penetração de objetos ou o próprio dedo no canal vaginal.

As causas mais comuns estão listadas abaixo.

1. Relação sexual muito forte

Relações sexuais muito fortes podem causar rupturas de capilares sanguíneos da mucosa vaginal, causando as hemorragias.

Entretanto, é provável que isso ocorra se você tiver secura vaginal devido à menopausa ou outros fatores.

Se você é adepta de relações sexuais mais intensas, conheça os limites do seu corpo para que, por exemplo, não ocorra sangramento após relação.

O uso de lubrificantes a base de água também reduz o atrito desconfortável durante a relação sexual.

Lubrificantes à base de petróleo, como a vaselina, podem danificar preservativos de látex e diafragmas, portanto, não misture vaselina e preservativos e use um lubrificante à base de água.

Os preservativos, em versão masculina ou feminina, são distribuídos gratuitamente no SUS, bem como sachês de lubrificantes à base de água.

2. Sangramento de escape

O sangramento de escape (também chamado escape menstrual, ou ainda sangramento intermenstrual) trata-se de um sangramento irregular que ocorre fora do fluxo esperado no ciclo menstrual.

Não expressa necessariamente algo grave, mas é importante descobrir suas causas, sendo assim, caso apresente esta condição, consulte seu ginecologista.

3. Infecções

Infecções de origem bacteriana (como a clamídia e gonorreia), fúngica (como a candidíase), ou viral (como o HPV) podem causar sangramento após a prática de relação sexual.

Algumas infecções podem causar inflamação dos tecidos da vagina e órgãos anexos, o que pode levar a hemorragias. São as principais:

  • Infecções sexualmente transmissíveis (ISTs);
  • Vaginite (inflamação da mucosa vaginal, e às vezes, da vulva — nem sempre é de origem infecciosa);
  • Cervicite (inflamação da mucosa endocervical — que reveste o canal do colo do útero — também nem sempre é de origem infecciosa);
  • Doença inflamatória pélvica (uma síndrome clínica, que ocorre quando a gonorreia e a infecção por clamídia não são tratadas, atingindo os órgãos reprodutivos internos da mulher, como útero, tubas uterinas e ovários, causando inflamações).

4. Síndrome Geniturinária da Menopausa

A Síndrome Geniturinária da Menopausa (SGM) era conhecida anteriormente como atrofia vaginal.

A condição é comum em mulheres na perimenopausa e menopausa, além daquelas que tiveram os ovários removidos.

Conforme a mulher envelhece, e especialmente quando seus períodos menstruais cessam, seu corpo produz menos estrogênio.

O estrogênio é o hormônio feminino responsável pela regulação do seu sistema reprodutivo.

Quando os níveis de estrogênio estão mais baixos, diversas alterações ocorrem com a vagina.

A produção de lubrificação vaginal é menor, o que propicia que a vagina fique ressecada, e assim, fique inflamada.

Níveis mais baixos de estrogênio também reduzem a elasticidade vaginal, e os tecidos vaginais tornam-se mais finos e encolhem.

Isso pode levar a desconforto, dor e sangramento durante o ato sexual.

A ocorrência de dor durante o ato sexual também é conhecida como dispareunia.

Quanto ao climatério, que é a fase de transição do período reprodutivo, ou fértil, para o não reprodutivo na vida da mulher, um artigo publicado pela Acta Scientiarum Health Sciences [1] entrevistou mulheres que citaram os seguintes sinais e sintomas como os mais recorrentes nesta fase:

  • onda de calor,
  • ansiedade,
  • insônia,
  • palpitações,
  • depressão
  • e, por fim, sudorese.

Esta condição pode ser tratada pela suplementação do estrogênio, e somente deve ser realizada quando prescrita por ginecologista.

A reposição hormonal pode muitas vezes ser perigosa, e possui algumas restrições de uso, portanto, sempre busque orientação profissional com um ginecologista.

5. Secura vaginal

Outras condições além da SGM podem causar secura vaginal, levando assim ao sangramento após relação, dentre elas estão:

  • Amamentação;
  • Ter os ovários removidos;
  • Certos medicamentos, incluindo os para resfriado, asma, alguns antidepressivos e antiestrogênicos;
  • Quimioterapia e radioterapia;
  • Ter relações antes de estar totalmente excitada;
  • Fazer muitas duchas;
  • Certas composições químicas em produtos de higiene feminina, sabão para roupas e manutenção de piscinas;
  • Síndrome de Sjögren (uma doença inflamatória do sistema imunológico que reduz a umidade gerada pelas glândulas no corpo).

6. Endometriose

A endometriose pode ser uma causa de  muito sangramento após relação, ou durante a mesma.

Pode ocorrer a qualquer momento durante os anos reprodutivos e é causada pelo crescimento do tecido uterino fora do útero.

Tal tecido continua a agir como se estivesse dentro do útero, que inclui o espessamento e a descamação em resposta ao ciclo menstrual.

A endometriose geralmente causa vários graus de dor, que variam de leve a grave e debilitante.

Essa dor é frequentemente mais pronunciada durante a menstruação.

Também pode ocorrer durante a relação sexual e com movimentos intestinais ou da bexiga.

A dor é muitas vezes centrada na região pélvica, mas pode se estender até o abdome.

A endometriose também pode afetar os pulmões e o diafragma, embora isso seja raro.

Além da dor, outros sinais e sintomas são: períodos menstruais pesados (ou seja, com fluxo intenso), náusea e inchaço.

A endometriose também pode resultar em infertilidade.

Seu diagnóstico precoce pode ajudar a reduzir os sinais e sintomas crônicos, incluindo a dor e a infertilidade.

6. Câncer de colo do útero

Sangramento depois do sexo pode ser um sinal de câncer de colo do útero.

Esta é uma condição mais comumente relacionada com o início precoce da atividade sexual e à relação com múltiplos parceiros.

A infecção persistente por Papilomavírus Humano (HPV), especialmente os subtipos HPV-16 e HPV-18, é o fator de risco mais importante para o câncer de colo do útero.

Entretanto, outros fatores de risco incluem história familiar deste câncer, como, por exemplo:

  • ter uma dieta pobre em nutrientes;
  • estar em obesidade;
  • fazer uso prolongado de pílulas anticoncepcionais;
  • ser fumante (tabagismo), entre outros.

Conforme aponta publicação mais recente do Instituto Nacional de Câncer José Alencar Gomes da Silva (INCA) [2], o método de rastreamento do câncer do colo do útero e de suas lesões precursoras são os exames citopatológicos (Papanicolaou).

Nesses casos, os dois primeiros exames devem ser realizados com intervalo anual e, se ambos os resultados forem negativos, os próximos devem ser realizados a cada 3 anos.

Ainda conforme aponta o INCA [2], a coleta deve ser iniciada aos 25 anos de idade para as mulheres que já tiveram ou têm atividade sexual, os exames periódicos devem seguir até os 64 anos de idade.

Ao mesmo tempo, naquelas mulheres sem história prévia de doença neoplásica pré-invasiva, devem ser interrompidos quando essas mulheres tiverem pelo menos dois exames negativos consecutivos nos últimos 5 anos.

Se você sangrar depois da relação, consulte um ginecologista para descartar a hipótese de câncer cervical.

Tal como acontece com outros tipos de câncer, o tratamento é mais eficaz quando a condição é descoberta e tratada precocemente.

Veja nosso vídeo com o resumo do tema Sangramento vaginal Após  Relação:

Perguntas frequentes

Sangramento após a relação na gravidez, o que pode ser?

Após o ato sexual pode ocorrer sangramento em todos os períodos da gravidez, especialmente no primeiro trimestre de gestação.

Isto se dá em virtude das modificações fisiológicas que ocorrem no ciclo.

Entretanto, todo sangramento vaginal em gestantes deve ser investigado, portanto, caso isso ocorra, um ginecologista deve ser consultado.

Sangramento após relação e dor no pé da barriga, o que pode ser?

Durante o ato sexual ocorre a estimulação de diversas regiões sensíveis, o que pode resultar em contrações e gerar cólicas.

Além disso, dependendo da posição sexual e do tamanho do pênis, o colo do útero pode ser facilmente alcançado.

Assim, penetrações fortes e excessivas podem causar desconforto e provocar cólica após a relação sexual.

Contudo, ter sangramento e dor abdominal em baixo ventre após a relação sexual pode não ser normal, devendo assim ser investigada e tratada.

Sangramento após relação pode ser gravidez?

Ter um pequeno sangramento após relação pode ocorrer por conta da nidação, processo de fixação do embrião no endométrio, que muitas vezes é confundido com a menstruação.

Este pequeno sangramento é conhecido como sinal de Hartman, e ocorre variando de 5 a 12 dias após o período ovulatório, se o óvulo for fecundado, sendo considerado padrão o período de 7 dias.

A nidação caracteriza o início da gestação, entretanto, nem todo sangramento após relação é sinal de gravidez, podendo ocorrer por diversas causas.

Sangramento durante a relação, o que pode ser?

As causas de sangramento após relação elencadas aqui podem ser as mesmas causas de sangramento durante uma relação.

Um ginecologista também deve ser consultado nestes casos.

Sangramento após a relação no homem

No homem, traumas, infecções e inflamações também são causas de sangramento após ou durante relação.

Nesses casos em homens, geralmente ocorre a presença de sangue no esperma. Um urologista deve ser consultado para avaliar a causa do sangramento.

Considerações finais

Diversas podem ser as causas de sangramentos após relação, e dentre as principais estão os traumas, infecções e inflamações.

Essas, portanto, são as causas mais graves a endometriose e câncer de colo do útero.

É de extrema importância que um ginecologista seja consultado para avaliar a causa desses sangramentos, e poder indicar o tratamento ideal para seu caso.

Artigos médico-científicos: Acta Scientiarum Health Sciences [1]   Instituto Nacional de Câncer (INCA) [2]