A vida dos escravos reprodutores no Brasil

A menos que você seja um estudioso da história da escravatura no Brasil, você não sabe que, os escravos mais fortes e saudáveis eram selecionados como reprodutores nas senzalas.

Desta vez, vamos falar sobre escravos, mais precisamente sobre a escravidão no Brasil.

Dessa vez o assunto será o esquema de reprodução de escravos, muito comum nas grandes fazendas de café e cana de açúcar dos séculos 18 e 19.

A menos que você seja um profundo estudioso da história da escravatura no Brasil, você não sabe que, os escravos mais fortes e saudáveis eram selecionados para serem reprodutores nas senzalas.

É isso mesmo, gente! Na época sombria da escravatura, acontecia com os seres humanos negros processos parecidos como a reprodução em massa de gados nas grandes fazendas.

O objetivo dos senhores de escravos, era aumentar o número de indivíduos nas fazendas sem precisar pagar por eles.

 “filho de escravo…  Escravo era”.

A lei do ventre livre, assinada em 1871, na qual propôs que os filhos de mães escravizadas, nascidos a partir dessa data, estariam livres.

Mas antes dessa lei, todo bebê nascido de uma escrava, era também escravo e pertencia ao senhor de sua mãe.

Por isso, os senhores de escravos passaram por pelo menos dois séculos “cruzando” escravos para manter suas senzalas cheias, sempre!

As coisas funcionaram mais ou menos assim: os escravos do sexo masculino, fortes, altos e com boa saúde, eram selecionados para um trabalho, de certa forma: humilhante.

Eles tinham que ter relações íntimas regulares com as escravas do grupo a fim de engravida-las.

Essas moças eram também selecionadas pelo seu histórico de saúde e condição física.

Assim que as meninas menstruassem pela primeira vez, já podiam ser selecionadas e, se isso acontecesse, já poderiam receber as visitas regulares dos reprodutores.

Ao mesmo tempo, as jovens mães que tiveram bons partos de bebês saudáveis, também eram bem vistas para engravidarem novamente.

Muitas escravas pariam até 10 filhos, sob ordem dos feitores.

Esse costume comum nas grandes fazendas de escravos no Brasil, era, como você deve imaginar, imensamente constrangedor para as pessoas envolvidas.

Muitas vezes os homens precisavam manter relações com meninas muito novas, ou filhas de amigos, esposas ou namoradas de companheiros próximos.

Uma situação muito desagradável e constrangedora.

É lógico que nem todos os senhores de escravos exigiam esse procedimento, mas há diversos registros apontando tal desrespeito.

O escravo reprodutor “Pata-Seca”

A história mais conhecida é de um escravo chamado ROQUE JOSÉ FLORÊNCIO, conhecido pelo apelido de   “Pata-Seca”

Esse homem viveu no início do século 19  na região onde hoje é a cidade de São Carlos, em São Paulo.

Devido a seu porte físico e ótimo rendimento no trabalho braçal, o pata – seca foi declarado “escravo reprodutor de alta qualidade”.

Ele tinha 2,18 de altura e, naquele tempo, havia o mito de que escravos mais   altos eram mais fortes e tinham maior tendência a gerarem filhos homens.

O interesse dos senhores, eram aumentar o número de escravos homens, a melhor mão de obra para os trabalhos forçados do campo.

Pata-Seca era obrigado a visitar as senzalas regularmente para violar as mulheres selecionadas e dizem os registros da época que durante toda sua vida, colocou no mundo, mais 200 filhos saudáveis.

É possível, segundo especialistas, que cerca de 30% da população do vilarejo de Santa Eudóxia, na região de São Carlos, sejam descendentes direta deste homem.

Dizem que seu sucesso como reprodutor lhe rendeu muitas regalias.

Pata-Seca não trabalhava na lavoura e muito menos vivia na senzala.

Seu trabalho era cuidar dos cavalos da fazenda. Ele também foi encarregado de cavalgar por cerca de 30 quilômetros, regularmente, para buscar as correspondências de seu senhor.

Mas sua obrigação mais importante era fazer filhos nas escravas.

Por isso, até mesmo sua alimentação era diferenciada. Ele comia na cozinha da casa grande, tinha acesso a legumes, frutas, sucos e gemada toda manhã.

Em um certo momento da vida, Roque se apaixonou e seu senhor permitiu que ele levasse a esposa para viver com ele em um casebre dentro de suas terras.

O casal teve 9 filhos. Porém, ele jamais abandonou suas tarefas como reprodutor e, mesmo casado, ainda precisava visitar as mulheres da senzala regularmente.

Ele teria cumprido suas obrigações até o fim da sua virilidade, que, segundo registros durou quase 90 anos.

Para completar a história inacreditável do Pata-seca, historiadores contam que é possível que ele tenha vivido até os 130 anos de idade.

Pois, é gente! O falecimento dele ocorreu em 1958. Um documento emitido em 17 de fevereiro desse ano aponta, que o Pata-Seca morreu por insuficiência cardíaca, miocardite, esclerose e senilidade.

Infelizmente a falta de documentos com datas claras sobre o nascimento e a morte do pata-seca, dificulta a confirmação da sua idade.