Como era ser diabético na antiguidade? História do Diabetes

Pouca gente sabe, mas o diabetes é uma doença muito, muito antiga.

Para falar a verdade, o diabetes sempre existiu, mas como os pacientes morriam muito rápido, demoraram vários séculos para ser realmente descoberta.

O primeiro relato que se tem do diabetes é de um papiro da Terceira Dinastia Egípcia, por volta de 1500 antes de Cristo.

O médico, no papiro, menciona uma doença que causava muito xixi,  muita sede, e muita fome, além de perda de peso rápida.

Os curandeiros da época também notaram que a urina dessas pessoas atraía formigas, mas não sabiam dizer o porquê.

O tratamento recomendado pelos médicos daquela época era completamente natural: óleo de rosas, geleia da carne de cobra, amêndoas doces, coral vermelho e até mesmo esterco de cabra cozido em leite.

Nada disso funcionava, lógico! Os curandeiros da época classificaram a doença de morte inevitável, impossível de tratar e de sobreviver.

O pai da Medicina árabe, chamado Buqrat, também relatou alguns casos de uma misteriosa doença, que era resumida em “grande quantidade de urina e perecimento da pessoa”.

A expectativa de vida de alguém com diabetes, nos anos 400 antes de Cristo raramente passava de um ano.

Areteus foi um médico nascido na Capadócia – que pode ser considerado o “pai” do diabetes.

Ele foi o primeiro, depois da passagem de Cristo, a descrever com coerência os sintomas da doença. Foi ele também que batizou a doenças como o nome de “Diabetes”.

Alguns dizem que o nome diabetes tem a ver com o diabo, já que era considerada uma doença altamente mortal. Mas não é nada disso.

Diabetes, vem da palavra grega que significa “sifão”, indicando a principal característica diagnóstica: o grande fluxo de urina.

A descrição dada por Areteus foi de que o diabetes era: “uma doença terrível, caracterizada pelo derretimento da carne e sua expulsão pela urina”.

Algo bem assustador. Consegue imaginar sua carne derretendo e saindo pela urina?

Depois dele, Galeno, um dos maiores médicos da Antiguidade, caracterizou a doença como  “ uma diarreia de urina”.

Mas ele pensava que o diabetes era uma enfermidade dos rins e, hoje sabemos que ele estava completamente equivocado.

Em meados do século 5, Susrruta, um grande conhecedor da medicina indiana na antiguidade, também percebeu que as pessoas que sofria desse mal urinavam demais!

Ele provou a urina de vários pacientes e percebeu o sabor adocicado, e o aspecto grudento que atraia formigas.

Mas, foi na Índia Que as formigas passaram a ser usadas para diagnosticar a doença. O médico jogava a urina do paciente no chão e aguardava.

Se a urina atraísse formigas, a pessoa estava acometida pela doença.

Os povos da Europa medieval utilizavam dois métodos para diagnosticar diabetes, um deles era também usando formigas.

O outro era fervendo a urina e deixando evaporar um pouco, depois de frio, bebiam um pouco do líquido. Se a urina fosse adocicada o resultado seria positivo.

O famoso “cânone da medicina” um manuscrito medieval do século 11 recomendava como tratamento uma mistura de sementes de tremoço e feno-grego. Ou então…. cocô de cabra com leite.

Felizmente o cânone recomendava também exercícios físicos, como corrida e caminhada para a “cura da doença”. Isso sim, funcionava!

Bem, meus amigos, o tratamento na Idade média, foi esse por pelo menos 3 séculos.  Paracelso, foi um médico suíço, que também estudou o diabetes.

Em um de seus experimentos, ele esquentou a urina de um paciente até evaporar toda a água.  No fundo do recipiente ficou um pozinho branco.

Ele passou a pregar que aquilo era excesso de sal. Isso causava sede, retinha a água e aumentava a quantidade de sal no corpo.

O tratamento que ele recomendava era andar à cavalo. Isso, no final dava um relativo sucesso, já que era um exercício físico.

No final do século 17, o diabetes ficou conhecido como “o mal da urina” e os bons médicos da época já diziam que a doença tinha início no sangue.

Acreditava-se, também, que comer rápido e não descansar após as refeições fazia a comida mal digerida ir para o sangue e sair na urina.

Durante esse mesmo período, alguns estudos chegaram bem perto de descobrir a causa principal do problema.

Os médicos removeram um pedaço do pâncreas de um cachorro, causando um quadro muito parecido com o do diabetes. Eles concluíram que o problema poderia vir de uma doença no pâncreas.

Durante o século 17, de maneira geral, concluiu-se que o agravamento do diabetes era realmente relacionado a dieta dos pacientes.

Descobriram, então, que o consumo de pães e batatas prejudicava os pacientes que sofriam com “o mau da urina”.

As pessoas com a doença eram orientadas a comerem carnes e alimentos gordurosos. Isso sim, funcionava bem e a maioria das pessoas respondia a esse tratamento…

Mas aí, veio um médico francês que lançou a terapia de “reposição”.

Ele espalhou pelo mundo que como a pessoa perdia açúcar pela urina, ela devia, então, repor tudo o que perdeu comendo o máximo de açúcar que conseguisse.

Isso não durou muito: LOGICO! Na época quem insistiu nesse tratamento certamente morreu em pouco tempo.

Mas, enfim… as coisas começaram a ficar claras em meados do século 19 e a doença foi desvendada no final desse mesmo século, trazendo mais qualidade de vida para os pacientes.

A insulina veio na década de 1920 e na década de 40 já era possível diagnosticar a doença por exames e usar a insulina como medicamento.