Dente de leite tem células-tronco: guardem os dentinhos das crianças

Dente de leite tem células-tronco

O dente de leite do seu filho tem células-tronco, por isso, o destino dos dentinhos – também conhecidos como dentes decíduostemporários –  já não é mais o mesmo. Aquela história da “fada dos dentes” e “ratinho, ratão” já caiu por terra nos últimos anos. Mas, a razão disso ainda não é muito clara para muitas pessoas. Na verdade, há uma questão importante sobre o dente de leite que nada tem a ver com ratos e fadas. Atualmente, os médicos recomendam que os pais guardem os dentinhos de seus filhos quando caírem.

Os dentes de leite “caem” por razões de crescimento. Afinal, com o crescimento, o ser humano necessita de dentes maiores e mais fortes. Na verdade, os dentes permanentes inciam sua formação ainda na gestação e vão se desenvolvendo por baixo dos temporários. Assim, conforme evoluem em sua formação as raízes dos dentes de leite vão sendo reabsorvidas. Então com o tempo os dentinhos ficam abalados, moles e caem para que os permanentes aflorem.

Muitos pais guardam de recordação, mas outros simplesmente jogam fora ou fazem o ritual da fada ou do ratinho. Contudo, há mais de 15 anos diversos estudos vem sendo feito sobre a possibilidade de utilização do dente de leite.

Dente de leite tem células-tronco

Os dentes humanos decíduos são significativamente diferentes dos dentes permanentes em relação aos processos de desenvolvimento, estrutura tecidual e função. A descoberta de células-tronco da polpa dental humana começou há aproximadamente 20 anos.

A revista Tissue Engineering [1] publicou um artigo revelando que o dente de leite representa uma fonte vantajosa de células tronco. Em um teste, os autores verificaram três importantes grupos de células nos dentes decíduos: uma população semelhante a células tronco mesenquimais derivadas da medula óssea, outra semelhantes a células epiteliais e, por fim, uma população mista composta de ambos os tipos celulares.

Os autores de outra pesquisa publicada na Stem Cell Research & Therapy [2] revelou que é possível que as células tronco do dente de leite sejam capazes de se diferenciar em células osteogênicas e odontogênicas, e ao mesmo tempo células adipogênicas e neurais. Concluindo, os pesquisadores sugeriram que o dente de leite é uma fonte de células-tronco mesenquimais acessível e viável. Podem ser usadas no tratamento de distúrbios imunológicos como  lúpus eritematoso sistêmico.

Como isso, nos parece claro que as células-tronco mesenquimais reduzem inflamações e combatem doenças degenerativas. Ou seja, aquelas doenças com perda das funções vitais e autoimunes, quando o sistema imunológico do corpo ataca as células saudáveis. Ao mesmo tempo, acredita-se que, futuramente, problemas como diabetes , infarto do miocárdio (ataque cardíaco), doenças pulmonares e lesões nos ossos, nas articulações e na pele, poderão ser controladas ou curadas a partir de células-tronco.

Por que guardar os dentes?

Então, o que temos aqui, é que toda criança perde os dentes decíduos, o que cria a oportunidade perfeita para recuperar e armazenar essa fonte conveniente de células-tronco. Uma pesquisa do Journal Clinical Pediatric Dentristy [3] explicou que caso sejam necessárias para tratar lesões ou doenças futuras. Isso porque,  o uso de células-tronco próprias apresenta pouca ou nenhuma riscos para o desenvolvimento de reações imunes ou rejeição após o transplante e também elimina o potencial de contrair doenças de células do doador.

Então, fica claro, que guardar o dentinho para uso futuro é uma alternativa melhor do que descartar o dente de leite ou armazená-lo como lembrança. Além disso, acredita-se que seja melhor recuperar as células tronco quando a criança é jovem e saudável onde as células são fortes e proliferativas.

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As células-tronco ficam armazenadas na polpa do dente de leite.

Quando e como armazenar o dente de leite

As crianças trocam os dentes, normalmente, 5 e 12 anos de idade. Portanto, se há interesse dos pais em armazenar os dentes com a finalidade de recuperar suas células troco, é preciso estar preparado.

Faça uma boa pesquisa sobre empresas especializadas em tecnologia de células-tronco. Leve em conta a idoneidade desta empresa, bem como os comentários a respeito dela. Esteja já com o contato feito quando o dentinho da criança começar a amolecer. Isso porque, quanto mais cedo for realizada a coleta e o armazenado, melhor. Pois, à medida que o tempo passa, as células sofrem envelhecimento e degradação.

Passo a passo do armazenamento

Os dados a seguir foram tirados do site CCB (Centro de Criogenia Brasil).

  • Assim que o contato com a empresa especializada, um kit será enviado ao pais com as instruções para a coleta do dente de leite. Dessa forma, a coleta pode ser feita no momento em que o dente cair ou no consultório de um odontopediatra.
  • A empresa pode pedir para alguém buscar o dente coletado e guardado no kit. Ou então pedirá que os pais levem tudo ao laboratório. Isso será combinado antes, lógico!
  • No laboratório, a polpa passará por uma avaliação. As células-tronco encontradas na polpa do dente de leite são colocadas em cultivo para que ocorra uma multiplicação.
  • O armazenamento será feito em 4 tubos, sendo 3 com 100% de células-tronco mesenquimais multipotentes e um quinto tubo armazenará a polpa do dente para fornecer, no futuro, se necessário, mais células-tronco.
  • Após a finalização deste procedimento, dentro de poucas semanas, as células passam por um processo de congelamento em tanque de nitrogênio líquido a -196 °C.
  • Os pais passam a pagar anualmente – ou como for definido em contrato – pela conservação do material.
Artigos médico-científicos: Tissue Engineering [1] Stem Cell Research & Therapy [2] Journal Clinical Pediatric Dentristy [3]