Veja com detalhes todos os procedimentos necessários para levar seu cãozinho para o exterior

Como viajar para o exterior com seu cachorro ou gato

Essa é uma questão que muitas pessoas têm dúvidas. Quem tem um cãozinho em casa e pretende se mudar ou viajar para outro país, precisa de um bom tempo (meses) para organizar toda documentação necessária para que o melhor amigo possa curtir uma viagem internacional ao seu lado.

Passei por esta experiência recentemente e confesso que não encontrei um texto com informações detalhadas na internet sobre os procedimentos corretos para conseguir viajar para fora do Brasil com um cão (ou gato).  Resolvi então, detalhar esta experiência com imagens de documentos para facilitar sua organização! Como minha viagem foi para um país da união Europeia (França), o texto irá focar no procedimento para este país, porém, na prática, os recursos  são os mesmos.

1- Para qual país pretende levar seu cão?

Sim, isso importa e o procedimento vai variar de acordo com o país de destino. Para os países do Mercosul, as regras são umas, para os Estados Unidos e Canadá outras e para Europa já tem exigências diferentes. Como você pode ver cada caso? Visite a página do Ministério da Agricultura e clique no seu país de destino, conforme a imagem abaixo.

2- O microchip

Você precisa inserir um microchip credenciado e aceito em qualquer leitor disponível nos aeroportos do mundo e ele é obrigatório. A identificação eletrônica deve atender aos critérios de conformidade dispostos na norma ISO11784, ou no anexo A da norma ISO 11785. No meu caso, instalamos o microchip da marca VIRBAC (mas existem diversas outras também aceitas). É extremamente importante que você exija o “Certificado de Microchipagem” devidamente assinado pelo veterinário. Você precisará dele para apresentar ao Ministério da Agricultura. Então, pergunte logo se você receberá este certificado antes de instalar o microchip. Você poderá instalar o microchip em clínicas veterinárias, mas alguns veterinários particulares também fazem o procedimento.  O preço pode variar bastante: encontrei preços entre R$ 65 e R$ 250 da mesma marca.  Portanto, pesquise!

3- Vacina anti-rábica

Isso é extremamente importante: Não importa se seu cãozinho já tiver sido vacinado há pouco tempo, uma nova vacina anti-rábica terá que ser administrada após a instalação do microchip.  Não tente questionar isso, pois trata-se de uma exigência incontestável.  Por que? Segundo fui informada pela Vigiagro (órgão do Ministério da Agricultura que dará a autorização de viagem), o microchip é a identidade do cão e para que não haja fraude, o procedimento deve seguir essa ordem: Microchip è Vacina anti-rábica.

Atenção: A vacina deve ser importada.  Sim, vacinas nacionais não serão aceitas. Também não são aceitas vacinas de campanhas organizadas pela prefeitura da sua cidade. Portanto, você terá que procurar uma clínica veterinária e pagar (entre R$ 80 e R$ 100) por uma vacina importada. No meu caso, apliquei a vacina Nobivac da Merck.

Exija que o adesivo com o lote da vacina seja colado no cartão de vacinas do seu cãozinho.  Você precisará deste número para preencher uma “papelada”.

4- A quarentena

Quando me disseram que o cãozinho precisaria passar por uma quarentena depois de vacinar, fiquei apavorada pois imaginei que teria que deixá-la presa em algum abrigo do governo por 40 dias.  Mas não é nada disso!

Depois da vacina anti-rábica, seu cãozinho precisa aguardar pelo menos 30 dias antes de fazer um exame de sangue que irá confirmar se os anticorpos que o protegem da doença já estão ativos no organismo do animal. Isso precisa de pelo menos 30 dias.

5- Sorologia anti-rábica ( o exame mais importante!)

Passados os 30 dias da “quarentena ”, você precisará dosar os anticorpos com um exame de sangue. Mas aí temos um problema: o único laboratório no Brasil credenciado para este exame para fins de viagem internacional é o Laboratório de Zoonoses e Doenças Transmitidas por Vetores do Centro de Controle de Zoonoses de São Paulo (e-mail: [email protected]).  Desde 2008 Centro de Controle de Zoonoses é habilitado, pela Agência Francesa de Segurança Sanitária de Alimento, Ambiental e Ocupacional (ANSES), para realização do teste de Titulação de Anticorpos Neutralizantes contra o Vírus da Raiva, em animais de companhia que viajam para países da Comunidade Europeia.

Precisarei ir a São Paulo? Não! Diversos laboratórios e clínicas veterinárias no Brasil fazem a coleta do sangue e enviam para o CCZoo em São Paulo. Mas, obviamente isso não é gratuito. Pesquise em sua cidade uma clínica que cuide desse procedimento. No Rio de Janeiro recomendo a BioLife. Eles sugerem um enfermeiro veterinário com bastante experiência que vai sua residência para a coleta (cobra 50 reais pelo serviço). Ele cuida de tudo e leva o sangue com segurança para a preparação. Paguei R$ 430 para a BioLife resolver tudo. Nem precisei ir ao laboratório, fiz o depósito bancário e o laudo oficial chegou em minha casa via correio por sedex 32 dias após a coleta. O título mínimo necessário para a viagem do animal é maior ou igual a 0,50 UI/mL.

Atenção: seu cãozinho só poderá embarcar 90 dias após da data do resultado deste exame.

6- Tratamento parasitário

A França não exige este tratamento, no entanto, alguns países o fazem.  O tratamento deve ser administrado por um veterinário dentro de um prazo não superior a 120 horas e não inferior a 24 horas antes da hora prevista de entrada dos cães num dos países listados no referido Regulamento. Também deve ser feito com um medicamento autorizado que contenha uma dose adequada de praziquantel ou de substâncias farmacologicamente ativas que, sozinhas ou combinadas, reduzam comprovadamente a carga das formas intestinais adultas e imaturas do parasita Echinococcus multilocularis na espécie canina.

7- Agendamento da entrevista

Agende com a Vigiagro uma data e horário para a entrevista para emissão de um documento chamado CVI (Certificado Veterinário Internacional). Este documento funcionará como um “visto” de entrada do animal em outro país.  Sem ele, você não fará nem o check-in do cãozinho.

No Rio de Janeiro o telefone da Vigiagro é: (21) 3398-7072. Você terá que informar a data do seu embarque e eles irão te enviar um e-mail com toooooodos os documentos e formulários exigidos. Claro que você a esta altura já terá 90% pronto se fez tudo que foi mencionado acima.

A Vigiagro vai exigir:

  • Certificado de Microchipagem original assinado pelo profissional que fez o implante.
  • Laudo de sorologia para pesquisa de anticorpos da raiva original. Aquele exame feito em São Paulo.
  • Formulário para requerimento do CVI preenchido (1 cópia). Ele será enviado ata seu e-mail, mas está disponível AQUI.
  • Formulário do CVI do seu país de destino preenchido (2 cópias). Este formulário tem 6 páginas, mas a parte que você terá que preencher é pouca.
  • Atestado de saúde emitido pelo seu veterinário particular. Levar o original que ficará retido.
  • Cartão de vacina original do cãozinho com todas as vacinas já feitas.

8- Atestado de saúde de um veterinário particular

Qualquer veterinário com registro válido no CRV pode emitir este atestado. Mas esteja atento pois este documento deve ser feito de preferência em papel timbrado com o CRV do médico veterinário e/ou nome e CNPJ da Clínica.  Neste atestado deve conter os dados do cão: nome, data de nascimento, raça, idade, peso, cor da pelagem e número do microchip. Além disso frases como: “ foi examinado e não apresenta parasitoses e miíase”vacinação em dia”. Veja a imagem abaixo do atestado emitido pelo veterinário que nos atendeu.

Este modelo foi elogiado pelo Veterinário do Ministério da Agricultura.  Então,  seguindo essa linha não terá problemas.

Muita atenção para o prazo de validade. Este atestado tem validade de 5 a 10 dias dependendo do país. Ou seja, se organize para ter este documento com data de 2-3 dias antes de ir para a entrevista na Vigiagro.

Os trechos grifados em amarelo são exigidos neste atestado!

 

9- Emissão do CVI ou CZI

Se você está com toda documentação em mãos o procedimento demora apenas alguns minutos. Depois de conferidos,  os documentos são examinados pelo veterinário credenciado e ele assinará o CVI/CZI autorizando seu cão a deixar o país. Não é necessário levar o seu cãozinho nesta entrevista. Mas esteja certo de que todos os documentos precisam estar corretos, eles são muito rigorosos com isso.

O veterinário do Ministério da Agricultura irá avaliar e autorizar (ou não!) o cão de viajar. Ele irá assinar e carimbar o CZI/CVI conforme a imagem abaixo. Pronto! Você já pode levar seu cão com você para uma viagem internacional!

O CVI/CZI tem 8 páginas e você terá que levar duas cópias já preenchidas. Qualquer dúvida leve cópias a mais e preencha lá mesmo!

9- Caixa de transporte

Para viajar com o seu pet de avião é preciso um kennel (caixa de transporte) ideal de acordo com a raça, tamanho do animal e se ele vai viajar na cabine ou no compartimento de cargas.

A principal diferença do kennel é o tipo de material, para viagem na cabine o ideal é que seja de um material maleável com fundo impermeável, flexível e bem ventilada. Para viagens no compartimento de cargas o material deve ser um plástico bem resistente e duro esse fator é importante para a segurança do seu cão.

A maior dúvida, no entanto, fica por conta do tamanho do kennel, é importante lembrar que toda companhia aérea tem um tamanho padrão primeiramente verifique junta a sua companhia. Para calcular o tamanho ideal são três fatores: Comprimento: deve ser medido o comprimento do animal do focinho até a base da cauda + metade da medida da pata dianteira até o peito do animal. O animal deve conseguir ficar deitado. Largura: deve ser no mínimo duas vezes a medida da largura das costas do animal. O animal deve conseguir dar uma volta em torno de si mesmo. Altura: deve ser 2 centímetros maior que a altura do animal em pé com as quatro patas no chão. O animal deve conseguir ficar em pé sem abaixar a cabeça.

 

No meu caso, uma Yorkshire de 2,800 Kg o kennel media 32x25x40cm e passou tranquilamente. Este modelo é da Ibiyaya e ela ficou super calma porque podia ver tudo que estava acontecendo fora da caixa.

10- No aeroporto

Depois de fazer o seu check-in e avisar que você viajará com um cão, o funcionário da empresa aérea irá encaminha-lo para outro setor, dentro do aeroporto mesmo, para conferência da documentação. Eles vão pedir apenas o CVI/CZI, mas na dúvida leve tudo: certificado do microchip, cartão de vacina, atestado do veterinário particular e etc… Nunca se sabe!  Neste momento você também terá que pagar a passagem do animal (paguei 240 €). Será emitida uma passagem.

Cães de grande porte terá que fazer o check-in e serão levados para o avião. O espaço é limpo, agradável e climatizado. Não se preocupe! Coloque uma camisa sua usada para o cão sentir seu cheiro e com isso ter mais segurança. Coloque também um bebedouro e um tapete higiênico.

Se seu cão é de pequeno porte, ele ficará com você o tempo todo. Para passar no raio-x o funcionário irá te orientar a tirar o cão da caixa de transporte e passar pelo detector de metais. Nada demais, nem pediram documentação. Sua passagem indicará que você responsável por um pet durante o voo, conforme imagem.

11- No avião

Cães de pequeno/médio porte que viajam na cabine, terão que permanecer na caixa de transporte o tempo todo.

Minha experiência: Para decolagem o kennel ficou no chão entre meus pés. Depois de o voo estabilizado, coloquei a caixa no colo. A Luna pode me ver o tempo todo e ficou muito calma. O voo é muito longo então quando ela dormiu coloquei no chão. Levei os petiscos preferidos, mas ela não se mostrou animada em comê-los. Ofereci água de vez enquanto e ela bebeu bastante. O xixi foi mais complicado, tentei levar no banheiro, mas ela não fez. Aí quando todo mundo dormiu e as luzes se apagaram eu a tirei da caixa de transporte e a coloquei na coleira. Forrei o chão com o tapete higiênico e ela fez um “xixizão”. No meio da noite, deixei ela dormindo no meu colo um pouco, mas ela se sentiu tão segura com a caixa que queria voltar para dentro da caixa. Vai entender! Ela comeu muito pouco e bebeu muita água. Xixi apenas uma vez e nenhum cocô.

Foi complicado?

Foi. Mas valeu a pena. Caso não queira arrumar essa documentação, contrate uma empresa que é especializada nisso. Pesquise!

Fontes: dogtravel / Ministério da Agricultura