BEXIGA BAIXA: o que é, sintomas, causas e tratamentos

sintomas de bexiga baixa

O prolapso da bexiga, cistocele ou bexiga baixa, como é comumente conhecida, ocorre quando a uretra entra no canal vaginal.

Você deve ter se perguntado, como isso ocorre?

A uretra é um canal de transporte da urina. Esse canal inicia na bexiga e termina no orifício externo do corpo.

Se a uretra desliza de sua posição normal, ela pode se empurrar para dentro do canal vaginal e/ou deslizar para fora da abertura da uretra.

Isso provoca o prolapso da bexiga que acomete principalmente mulheres em menopausa e que já tenham engravidado (1).

Este texto, portanto, destaca a importância clínica do prolapso da bexiga, sua fisiopatologia e abordagens para diagnóstico e terapia.

O que é bexiga baixa?

Apesar do termo bexiga baixa soar estranho, este problema é muito mais comum do que parece.

Um sistema de definição e classificação da bexiga baixa é proposto por comitês internacionais da Sociedade de Uroginecologia e Continência (2).

Órgãos pélvicos, como útero, colo uterino, bexiga ou intestino, podem se projetar na vagina devido à fraqueza nos tecidos que normalmente os sustentam.

O prolapso da bexiga, no entanto, abrange uma variedade de distúrbios, sendo eles:

  • Anatomia vaginal alterada, que pode ser assintomática.
  • Eversão vaginal sintomática grave, associada a disfunção urinária, defecatória e sexual.

A fisiopatologia da bexiga baixa é multifatorial e classificada quanto a gravidade da protrusão:

  • O prolapso da bexiga de primeiro grau ocorre quando a uretra se empurra levemente contra as paredes vaginais ou se dirige à abertura do canal.
  • O prolapso de segundo grau ocorre quando a uretra se estende até a abertura vaginal ou uretral.
  • O prolapso da bexiga de terceiro grau ocorre quando os órgãos incham e se estendem para fora da abertura uretral.

Embora predominante entre as mulheres, como já mencionado, também existem casos de bexiga baixa no homem.

Isso se deve, principalmente, a retirada ou aumento da próstata, o que é comum entre homens idosos.

Assista ao vídeo no nosso canal sobre a bexiga hiperativa para mais informações

Quais são os sintomas de bexiga baixa?

Os sintomas de bexiga baixa na maioria das vezes, não geram incômodos nos estágios iniciais.

Mas à medida que o prolapso da bexiga avança, ele se torna mais grave e é possível notar os seguintes sintomas:

  • Disfunção do assoalho pélvico, o que gera um desconforto causado por dores na região pélvica;
  • Sensação de peso na região pélvica;
  • Sintomas de pressão, abaulamento ou sensação de “bola na vagina”;
  • Urgência urinária, incontinência e obstrução. Devido à incapacidade de esvaziar a bexiga a micção torna-se frequente;
  • Incontinência fecal e obstrução;
  • Distúrbios sexuais e dor durante o sexo;
  • Irritação vaginal ou vulvar;
  • Ulceração e corrimentos vaginais;
  • Órgãos protuberantes para fora da abertura  do genital

Embora o prolapso esteja associado a muitos sintomas, poucos são específicos à cistocele.

O que torna um desafio para o clínico determinar quais sintomas podem ser atribuíveis e que podem ajudar no tratamento.

Os sinais de bexiga baixa, portanto, são fundamentais para o rápido diagnóstico de cistocele (3).

Assim que observados podem ser tratados sem a necessidade de uma intervenção cirúrgica, por exemplo.

Quais são as causas da bexiga baixa?

Já conhecemos os principais sintomas da cistocele. No entanto, o que pode causar isso?

A nossa região pélvica é constituída por um suporte anatômico das vísceras pélvicas.

Isso funciona graças a presença de uma rede de tecidos fibromusculares, conhecida como fáscia endopélvica e músculos elevadores que garantem a sustentação.

O envolvimento de todos os órgãos da pelve por essa rede, conecta a musculatura que confere suporte aos ossos.

Dessa forma, o rompimento ou a disfunção de um desses componentes pode levar à perda do suporte e, consequentemente, ao prolapso da bexiga.

Quais os tratamentos para cistocele?

O tratamento para cistocele geralmente só é indicado para pacientes que apresentam alguns dos sintomas (4).

A avaliação de mulheres com prolapso, por exemplo, requer uma abordagem abrangente, embasada no histórico detalhado do paciente, exame físico e testes limitados (5, 6).

O tratamento pode ser realizado utilizando medicamentos e se o quadro clínico do paciente for grave, pode ser adotado uma intervenção cirúrgica.

Existem dispositivos de silicone, chamados de pessários, que podem ser adotados como tratamento da bexiga baixa.

Os pessários ficam no canal vaginal e ajudam a manter sua estrutura. Sendo um método prático e não invasivo.

Outra forma de tratamento inclui fazer exercícios para bexiga baixa.

Os exercícios de Kegel, como são conhecidos, ajudam a tonificar os órgãos da pelve.

A fisioterapia uroginecológica tem sido considerada como um tratamento efetivo para incontinência fecal e urinária.

Apesar de ainda necessitar de estudos mais consistentes.

Mudanças no estilo de vida também tem uma importância significativa no tratamento da cistocele.

O excesso de peso enfraquece os músculos.

Assim, tanto a perda de peso quanto evitar carregar peso, são boas maneiras para reduzir a pressão e evitar o prolapso de órgãos.

Existe cirurgia para bexiga baixa. Essa forma de tratamento só é indicada quando nenhum dos demais tratamentos convencionais forem eficazes.

A cirurgia de bexiga consiste em reparos vaginais nos tecidos que envolvem a suspensão dos órgãos pélvicos.

Não existe nenhum remédio para bexiga baixa, no entanto, diversas formas de tratamento como as apesentadas acima são bastantes úteis na terapia da cistocele.

Bexiga baixa na gravidez

Sabemos que a ruptura ou estiramento das ligações de tecido conjuntivo podem ser causadas por parto vaginal, histerectomia, esforço crônico ou até mesmo devido ao envelhecimento.

No entanto, é muito comum a ocorrência de barriga baixa na gravidez (1).

Isso se deve ao peso extra, a pressão e a força do parto que podem enfraquecer os músculos do “assoalho pélvico”.

Consequentemente essa ruptura é responsável pela origem da bexiga baixa.

Considerações finais sobre bexiga baixa

Embora a bexiga baixa não apresente alta fatalidade, impactos negativos na qualidade de vida das mulheres estão associados a cistocele.

O prolapso da bexiga apesar de estar associado a muitos sintomas, poucos são específicos à ele.

Na maioria das vezes é um desafio para o clínico determinar quais sintomas são atribuíveis ao próprio prolapso e, portanto, determinar a melhor forma de tratamento.

Por fim, manter hábitos saudáveis e consultar regularmente o seu médico ginecologista/urologista são medidas preventivas eficazes contra a bexiga baixa






  1. Maclennan AH, Taylor AW, Wilson DH, Wilson D (2000) The prevalence of pelvic floor disorders and their relationship to gender, age, parity and mode of delivery. Bjog 107:1460–1470.
  2. Swift, S. (2002). Current opinion on the classification and definition of genital tract prolapse. Current Opinion in Obstetrics and Gynecology, 14(5), 503–507.
  3. Slieker-ten Hove, M. C., Pool-Goudzwaard, A. L., Eijkemans, M. J., Steegers-Theunissen, R. P., Burger, C. W., & Vierhout, M. E. (2009). The prevalence of pelvic organ prolapse symptoms and signs and their relation with bladder and bowel disorders in a general female population. International urogynecology journal and pelvic floor dysfunction20(9), 1037–1045.
  4. Wu, Y. M., & Welk, B. (2019). Revisiting current treatment options for stress urinary incontinence and pelvic organ prolapse: a contemporary literature review. Research and reports in urology11, 179–188.
  5. Digesu GAChaliha CSalvatore SHutchings AKhullar VThe relationship of vaginal prolapse severity to symptoms and quality of life. BJOG. 2005 Jul;112(7):971-6.
  6. Bump, R. C., Mattiasson, A., Bø, K., Brubaker, L. P., DeLancey, J. O. L., Klarskov, P., … Smith, A. R. B. (1996). The standardization of terminology of female pelvic organ prolapse and pelvic floor dysfunction. American Journal of Obstetrics and Gynecology, 175(1), 10–17.
  7. Holly Ernst. What Is Urethral Prolapse, and Is It Treatable? Healthline, 2018.








Aline Capellani – Enfermeira/ COREN 552759, especialista em antedimento primário e Bióloga