“Querida bióloga, você é um exemplo. Seu blog é o mais divertido, informante e interessante que conheço. Parabéns! Queria saber: é verdade que existe transfusão fecal (de cocô)?” Maria Cristina – Rio de Janeiro
Obrigada pelo carinho, Maria Cristina. Bom, por mais incrível e absurdo que pareça, a transfusão fecal, também conhecida como bacterioterapia fecal ou transplante fecal, existe SIM. E o procedimento é exatamente o que o nome diz: fezes de uma pessoa, é transferida para o intestino de outra.
A transfusão fecal foi criada por um médico australiano e consiste de uma aplicação das fezes alheias no intestino doente por meio de um tubo introduzido a partir do nariz. Assustador, não é? Essa terapia é usada como o tratamento de uma doença chamada colite pseudomembranosa (colite ulcerosa), causada pela bactéria Clostridium difficile. A ação do micro-organismo destrói tecidos do cólon, uma das partes do intestino grosso. Segundo alguns estudos, a taxa de sucesso gira em torno de 95% e embora sejam recomendados cinco procedimentos, a pessoa já se sente melhor após o primeiro. O objetivo da transfusão é garantir uma flora bacteriana de fezes de um doador saudável.
Funciona assim:
1. Mistura-se cerca de 30 g de cocô do doador a 50 ml de uma solução salina até formar um líquido fétido, mas homogêneo
2. Essa mistura é filtrada com um coador para retenção das partes sólidas que não foram diluídas
3. Com uma seringa, o médico injeta por volta de 25 ml da solução de cocô por um tubo enfiado no nariz do paciente e que se estende até o estômago
4. As bactérias presentes na solução fecal ajudam no restabelecimento da flora intestinal e na reconstituição do tecido afetado do intestino.
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