Onde você pode tocar alguém? Cientistas buscam compreender as relações sociais mapeando o toque

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O tato é um dos cinco sentidos, e assim o toque é uma sensação básica para os seres que possuem um sistema nervoso complexo, como é o caso do ser humano. Ao sermos tocados, estímulos nervosos são enviados ao cérebro, permitindo senti-lo. No entanto, mais do que uma simples sensação física, o toque proporciona sensações de prazer e, portanto, está relacionado às relações sociais. Pense, por exemplo, nas diferentes sensações que o toque de pessoas que você ama (pais, namorado(a), amigos, etc.) ou de pessoas que você não gosta, pode lhe causar. E dentre as pessoas que você ama, sabemos que o tipo de toque e as emoções relacionadas a ele vão ser diferenciadas. Afinal, você provavelmente permite e sente sensações diferentes ao toque de seu companheiro (a), e não permite o mesmo toque a outras pessoas, não é?

Pois é, as relações sociais, formas de interação/comunicação e emoções humanas são complexas. Quem nunca pensou em como abordar alguém? Onde poderíamos tocar aquela pessoa que sentimos atração? E se ela nos tocasse? Como cumprimentar um estranho? São coisas que muitas vezes ficamos em dúvida, e geralmente damos apenas um singelo aperto de mão, evitando toques mais íntimos como um abraço, um beijo ou mesmo um amigável tapinha nas costas.

Porém, para entender essas questões, pela primeira vez um estudo inovador foi realizado. Pesquisadores da Universidade de Oxford (EUA?) e da Universidade de Aalto (Finlândia) estudaram cerca de 1.368 pessoas em 5 países europeus (França, Itália, Rússia, Finlândia e Inglaterra) para descobrir em qual parte do corpo elas se sentem mais confortáveis ao serem tocadas. Como principal resultado descobriu-se algumas relações compiladas no “mapa” abaixo.

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Mapeando os pontos de toque

Podemos resumir essas descobertas (algumas obviamente já esperadas), nos tópicos abaixo:

1- As mulheres são mais receptivas ao toque do que os homens;

2- Em geral, as pessoas só se sentem confortáveis com toques de estranhos se forem nas mãos;

3- Genitais são zonas “tabus”. Como é de se imaginar em uma sociedade carregada de valores morais, tocar nos órgãos sexuais ainda é incômodo (mesmo que seja sem intenções sexuais);

4- A maioria das pessoas sente-se mais à vontade com o toque do pai ou da mãe;

5- Apesar de ser em menor escala, a cultura também causa influências. Os finlandeses são os mais receptivos ao toque, enquanto os britânicos são os menos.

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Com esses resultados a pesquisa sugere que esses padrões corporais específicos de relação e contato social são importantes para a manutenção dos laços humanos. No entanto, o toque e as relações humanas diferenciam-se da forma de outros primatas não-humanos, que se tocam com muito mais frequência e de muitas outras formas para a manutenção e reforço de suas estruturas sociais. Um exemplo é a ajuda, por horas, na limpeza do corpo entre esses primatas, mesmo quando poucos minutos bastariam para fazer a higiene total. Essa ação ajudaria a manter as relações sociais.

Outra conclusão seria que o laço que você possui com uma pessoa influencia muito mais o tipo de contato físico que você têm com ela, do que a frequência que você se encontram. Em outras palavras, a relação emocional que você cria com uma pessoa importa muito mais do que a frequência que você a vê, ou seja, você pode passar anos sem ver aquele amigo especial, mas ele poderá lhe tocar muito mais intimamente do que um novo amigo que você convive diariamente na atualidade. Engraçado, não é?

Fontes: revistagalileu/pnas/books.google  Imagens: Reprodução/ thehandstuff/gratiana/