Você adora comida japonesa? Sinto muito, mas você corre o risco de contrair um verme que pode medir 10 metros de comprimento

Sushi, sashimi, niguiri, temaki… A comida japonesa está, a cada dia, mais em alta. Os restaurantes estão cada vez mais lotados de amantes do peixe cru que parece ter um gosto diferente quando combinados com os temperos adocicados do oriente. Um dos pratos mais pedidos é o sashimi, que são fatias de peixe cru, mais grossas que o carpaccio. Os sashimis mais comuns são de robalo, atum, tilápia e salmão. E vamos ser sinceros, é delicioso!

Mas, é preciso que toda essa carne de peixe seja tratada com bastante fiscalização. Por trás de uma comida japonesa bonita e bem apresentada pode conter perigos para quem ingere. Estamos falando da Difilobotríase ou Esparganose, uma infecção motivada por um parasita de peixes, também conhecido como “tênia dos peixes”. A verminose é causada pelo cestódio do gênero Diphyllobothrium, conhecido como das maiores vermes que parasitam o homem. O bicho é capaz de atingir cerca de 10 metros de comprimento no intestino delgado e pode ser transmitido ao homem através da ingestão de peixes contaminados crus, mal cozidos ou defumados em temperatura inadequada.

O grande problema é que a doença é assintomática, na maioria das vezes. No entanto, pode ocorrer dor e desconforto abdominal, flatulência, náusea, vômito, diarreia intermitente, emagrecimento, e às vezes anemia megaloblástica por carência de vitamina B12 (a parasitose interfere na absorção intestinal dessa vitamina). Em alguns casos mais graves, porém  raros, pode ocorrer obstrução intestinal e do ducto biliar.

Peixe contaminado com cistos de Diphyllobothrium.
Peixe contaminado com cistos de Diphyllobothrium.

Essa parasitose intestinal é considerada problema de saúde pública, não apenas por causar transtornos aos pacientes, mas por apresentar um grande número de casos assintomáticos (80%), e os indivíduos permanecerem eliminando os ovos enquanto não forem tratados. Um estudo epidemiológico realizado pelo CVE (Centro de Vigilância Epidemiológica) mostrou que todos os pacientes com a difilobotríase ingeriam peixe cru, em restaurantes japoneses, sendo que todos (100%) ingeriam salmão cru: 48,5% ingeriam salmão e outros tipos de peixes crus e 51,5% consumiam somente salmão cru, não ingerindo outros tipos de peixes crus.

Ciclo de vida de verme

Após a pessoa, ou outro hospedeiro, ingerir peixes crus ou mal cozidos, infectados, a larva cresce no intestino do hospedeiro. O verme adulto, que é segmentado, pode atingir mais de 10 metros de comprimento com cerca de 3 000 segmentos. Os ovos são formados em cada segmento e são passados ainda imaturos para as fezes (até 1.000.000 de ovos por cada tênia). Ocasionalmente, alguns segmentos (que são chamados de proglotes) podem passar também às fezes. Os parasitas adultos maduros que se alojaram no intestino delgado atacam a sua mucosa.

 

Fontes: abcdasaude/pesca/cve  Imagens: maisequilibrio/sushi58/lookfordiagnosis