A ginecologia começou a ser “aceita” no final do século 18. Contudo, durante quase todo o século 19 não era muito fácil praticar ginecologia. É curiosidade de muitas mulher – e de homens – saber como era ser mulher no passado. Uma das maiores curiosidades é saber como era ir no ginecologista, por exemplo.
Um dos maiores problemas era o acesso ao corpo das mulheres, protegido pelas normas de pudor, religião e decência implantadas pela sociedade. O corpo da mulher era tão pouco explorado, inclusive pelos maridos, que cabia às parteiras prognósticos às cegas no período do pré-natal e o parto.
No início do século 19, ainda era impossível que uma parteira fosse trocada por um médico para procedimentos de pré-natal e parto. O médico só era chamado em situações complicadíssimas onde era necessária a intervenção profissional ou a paciente viria a óbito. A ideia de que um homem que não fosse um familiar tivesse consentimento de tocar o corpo das mulheres, especialmente as partes íntimas, era algo surreal.
No início da prática ginecológica, então, quando o especialista era chamado, ainda não era permitido que ele tocasse o corpo da mulher. Quem fazia o toque nas partes íntimas por baixo da roupa, era o marido, sob a orientação constrangida do médico. Caso a doente reclamasse de dor, ele balançava a cabeça para o marido e em seguida receitava o medicamento.
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Com o passar do tempo, os consultórios ginecológicos foram mais aceitos, mas as esposas iam sempre acompanhados dos maridos que entravam juntamente com elas. Inicialmente, uma espécie de manequim imitava o corpo da mulher, e as pacientes apontavam o local da dor ou do incômodo, para evitar apalpações consideradas desnecessárias.
O exame ginecológico feito pelo médico
Os livros de medicina eram taxativos em orientar os médicos quanto a descrição do exame ginecológico. A prática era assim: a mulher ficava de pé, e olhando para o lado, o clínico se ajoelhava e examinava a paciente introduzindo- lhe a mão por debaixo da saia. A apalpação era feita às cegas, pois o ginecologista não podia visualizar de forma alguma a genitália, ou os seios das pacientes.
Os casos de corrimento vaginal e candidíase, por exemplo, eram diagnosticados quando o médico tirava a mão da genitália, sempre sem olhar para o rosto da paciente e se afastava para examinar a secreção na mão. O exame era por aspecto e cheiro, apenas.
Felizmente, no início do século 20, surgiram as primeiras médicas ginecologistas mulheres. As pacientes eram orientadas a levar consigo, suas queixas escritas em papel almaço para a consulta. E então, os exames passaram a ser feitos com mais cuidado.