Você sonha com um corpo perfeito? Transtorno obsessivo está desencadeando quadros graves de anorexia reversa nas pessoas

2040

Apesar do grande sedentarismo que assola a sociedade atual, sabe-se que os exercícios físicos possuem inúmeras vantagens para nossa saúde e são essenciais para pessoas de todas as idades. Exercitar-se pelo menos 30 minutos ao dia, com práticas simples como uma caminhada, pode trazer inúmeras vantagens, ajudando na perda ou manutenção de peso (evitando a obesidade), reforçando a musculatura, prevenindo doenças, melhorando a circulação sanguínea e ajudando na saúde mental (ao liberar endorfinas, substância responsável por proporcionar bem-estar).

No entanto, assim como a falta de exercícios físicos é prejudicial, seu excesso, na busca pelo corpo perfeito, também pode ser. É o caso de pessoas que sofrem de vigorexia: um distúrbio de ansiedade caracterizado pela incompatibilidade entre a visão que uma pessoa têm sobre o seu corpo, e o real corpo que possui, causando constante insatisfação. A vigorexia não atoa é também chamada de “anorexia reversa”: a anorexia é um distúrbio semelhante, em que a pessoa busca compulsivamente por um modelo de um corpo ideal, magro, e para isso realiza exageradamente exercícios, dietas e uso de medicações, provocando inclusive vômitos para não engordar. No caso da vigorexia, o que muda de fato é que, ao invés de um corpo magro, a obsessão é por músculos!

Na sociedade contemporânea, uma imagem de corpo musculoso, sem gorduras, com formas padrões definidas (os ditos “marombados”) é vendido como o modelo ideal. Quem nunca percebeu a exaltação de um físico escultural em propagandas, filmes, novelas…? Uma série de políticas que controlam e normalizam um determinado tipo de corpo, muitas vezes nem se quer são percebidas por nós, mas nos levam a relacionar esse padrão de corpo “perfeito” como um mérito, uma demonstração de esforço, de poder, de sedução, fazendo com que muitas pessoas desejem obtê-lo doentiamente, e as que não aproximam-se desse corpo, muitas vezes, se sentem fora dos padrões, se culpabilizando. É esse tipo de pensamento que faz com que pessoas desenvolvam a vigorexia, fazendo com que muitas delas fiquem tão deprimidas por não obterem o corpo que almejam, a ponto de tentarem suicídio! E não adianta elas chegarem a uma determinada meta, pois a insatisfação será constante: por mais que consigam músculos de um fisiculturista, quem sofre com vigorexia jamais estará satisfeito! Assim, cada vez serão colocadas metas maiores a atingir, e a insatisfação com o corpo só tende a piorar com o tempo. O desequilíbrio emocional pode ser tão grande que a pessoa buscará o isolamento, abrindo mão da vida e dos relacionamentos sociais.

Vigorexia

Mas qual a origem desse distúrbio? Ainda não se sabe ao certo, especialistas acreditam que pode haver causas genéticas e neuroquímicas, além de traumas relacionados a bowling de colegas na infância. E como é de se esperar, pessoas com esse distúrbio tendem a utilizar anabolizantes (substâncias químicas produzidas a partir do hormônio masculino testosterona) para ficarem cada vez “maiores”, o que pode acarretar vários problemas sexuais, cardiovasculares, comportamentais, hormonais, dentre outros. Por todos esses problemas e riscos, pessoas com vigorexia precisam de tratamento psicológico, mas muitas vezes nem se quer sabem que possuem um distúrbio. Por isso, se você é viciado em academias, cuidado: reflita se não está cometendo exageros e, principalmente,  pense sobre qual é o seu objetivo em seus treinos, pois, em tempos em que imagens de perfeição são tão difundidas, é preciso ter cuidado para não esquecer que seu corpo não é uma máquina…

vigorexia

 

Fontes: brasilescola/brasilescola2/uniaosaude/bbc/ TEIXEIRA, F. L. S. O corpo belo como forma de poder: cartografando a biopolítica da beleza em foucault. Dissertação (Mestrado em Estudos Sócio-culturais do Movimento Humano). Universidade de Pernambuco, 2010.    Imagens: minhasaude/top10mais