Não é conversa de vovó. Existem evidências de que nós realmente sentimos mais dor nos dias frios

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É muito comum ouvirmos queixas de pessoas que afirmam sentir dores quando há uma alteração brusca do clima como chuva e frio. Muitos ainda, com base na dor, podem até dizer se irá chover ou se haverá uma tempestade. Mas, será que realmente tem uma explicação científica pra isso?

Desde os tempos remotos, mais precisamente no século IV a.C., já se encontrava registros da associação da dor com alterações climáticas. Dentre as condições de saúde que geram episódios dolorosos podemos citar a artrite, fraturas consolidadas, sinusite e enxaqueca.

Cientificamente não está bem claro o exato mecanismo que possa explicar a influência do clima na dor e, alguns médicos e pesquisadores não acreditam que há alguma relação. Apesar dessa descrença, atualmente existe uma Ciência, denominada de Biometeorologia Humana que vem se encarregando de investigar amplamente as condições climáticas e sua influência na saúde. De acordo com o Dr. Vicenzo Condemi, Diretor do Laboratório de Biometereologia da Universidade Degli Studi di Milano alterações climáticas podem interferir tanto em problemas de saúde física como em situações psicológicas como neuroses e estados fóbicos.

Existe uma série de estudos científicos que sugerem diversos mecanismos, mas o suspeito mais comumente dentre os fatores meteorológicos é a queda de pressão barométrica, uma pressão exercida pelo ar ao nosso redor. É possível ocorrer uma queda da pressão barométrica no período que antecede uma tempestade. Assim, essa redução da pressão atmosférica favorece um inchaço dos tecidos que circundam a articulação, causando dores, devido à pressão tecidual sobre os nervos. Para comprovar tal ideia, os cientistas simularam uma situação semelhante utilizando um balão em uma câmara barométrica. Com a queda da pressão externa, o ar no interior do balão se expande.

Um estudo analisou que nas crises de enxaqueca há uma forte correlação entre a baixa pressão atmosférica e a baixa umidade do ar que favorecem crises no dia seguinte.

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Cientificamente não está bem claro o exato mecanismo que possa explicar a influência do clima na dor e, alguns médicos e pesquisadores não acreditam que há alguma relação. Foto: zanjbil

Em contrapartida, uma outra pesquisa analisou muitas variáveis climáticas na intensidade da dor, mas apenas três fatores foram fortemente influenciáveis, a temperatura, a umidade e a pressão atmosférica. Porém, não encontraram nenhuma relação consistente sugerindo que a dor possa ser afetada pelo clima. No entanto, os mesmos pesquisadores não descartam a probabilidade de existência dessa relação entre dor e clima.

Embora não haja evidências concretas sobre o exato mecanismo exercido pelas alterações climáticas sobre o processo da dor, o fato é que as queixas relatadas por várias pessoas continuam sendo muito presentes e instigantes para a nova Ciência, a Biometereologia Humana.

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Um estudo analisou que nas crises de enxaqueca há uma forte correlação entre a baixa pressão atmosférica e a baixa umidade do ar que favorecem crises no dia seguinte. Foto: bolsademulher

 

Fontes: CAMPANA, Mayra Souza et al. Influência do clima como desencadeante de crises de enxaqueca: estudo prospectivo. DA SILVA, Edelci Nunes; RIBEIRO, Helena; SANTANA, Paula. Clima e saúde em contextos urbanos: uma revisão da literatura. JAMISON, Robert N.; ANDERSON, Karen O.; SLATER, Mark A. Weather changes and pain: perceived influence of local climate on pain complaint in chronic pain patients. SMEDSLUND, Geir; HAGEN, Kåre Birger. Does rain really cause pain? A systematic review of the associations between weather factors and severity of pain in people with rheumatoid arthritis.  Sites: naturmed, usatoday30   **Este texto é de autoria da Bióloga Ceila Cintra.**