Um estudo, desenvolvido por pesquisadores do Ceará, Pernambuco e Goiás trouxe um grande avanço na recuperação da pele de pessoas que sofreram queimaduras graves e o centro de Queimados do Instituto Dr. José Frota (IJF) colocou a pesquisa em prática. Mais de 50 pacientes com lesões de queimaduras já receberam um curativo biológico desenvolvido a partir da pele de um peixe de água doce, a tilápia.
Na verdade, a capacidade de cicatrização da pele de tilápia já tinha sido testada em ratos, na China, mas esta é a primeira vez que este tratamento é aplicado em pele humana. Antes de ser aplicada nas lesões, a pele do peixe passa por um tratamento por radiação que elimina qualquer microrganismo. Uma vez tratado, o tecido fica pode ser usado por dois anos e não apresenta qualquer cheiro.
De acordo com os pesquisadores, logo nas primeiras etapas do estudo, a utilização clínica da pele da tilápia mostrou-se promissora, tendo em vista as semelhanças do material com a pele humana, como grau de umidade, alta qualidade de colágeno e resistência. A técnica ainda tem um custo muito menor, uma vez que a pele de tilápia, peixe abundante nos rios de todo o Brasil, é sempre descartada.
A primeira pessoa a receber o tratamento
Maria Inês, de 36 anos, sofreu queimaduras depois de uma explosão de gás no restaurante em que trabalhava. Seu braço e pescoço sofreram queimaduras gravíssimas que com certeza a deixariam desfigurada. O tratamento com pele de tilápia foi oferecida a ela. Depois da limpeza do local os médicos aplicaram um curativo de tilápia no braço e pescoço da moça.
Os ferimentos eram tão graves que, em algumas regiões, antes de receber a pele de peixe, foram necessários a aplicação de emplastros. Após 20 dias usando os curativos biológicos, a retirada da pele de peixe deixou a equipe médica em êxtase: maria havia passado por uma recuperação milagrosa.
Hoje, mais de 50 pacientes já passaram pelo tratamento com pele de tilápia e todos eles estão se recuperando muito bem.