Pesquisadores descobrem que “doença da urina preta” é causada pelo consumo de peixes infectados por uma toxina

Uma misteriosa doença que provoca escurecimento da urina acometeu dezenas de pessoas na Bahia no final de 2016. Tratada a princípio como uma infecção viral ou bacteriana, finalmente foi revelada a doença que envolve este sintoma assustador. Ao mesmos pesquisadores que identificaram o vírus da zika na Bahia, chegaram à conclusão de que a urina preta é uma das manifestações da Doença de Haff, causada pelo consumo de peixes infectados por uma toxina presente em algas e corais.

Os cientistas analisaram amostras de fezes, urina e sangue de 15 pacientes que estavam com micção enegrecida. Todos eles revelaram ter comido peixe pelo menos 24 horas antes do aparecimento dos primeiros sintomas. Entre as espécies ingeridas estão olho-de-boi (Seriola spp) e badejo (Mycteroperca spp). A toxina não altera o sabor do alimento, nem muda sua cor, nem é destruída pelo processo normal de cozedura, por isso qualquer peixe pode estar contaminado e a pessoa ingerir, sem saber.

A doença é Haff é uma doença rara que causa intensa dor nos músculos, que surge de forma repentina, além de urina preta 24 horas depois do consumo de peixe contaminado. Acredita-se que o peixe deve estar contaminado com alguma toxina biológica mas desde o aparecimento dessa doença na década de 20, até hoje esta toxina ainda não foi identificada.




Um ESTUDO de 2016 relatou casos desta doença na Amazônia e, segundo os pesquisadores, a Doença de Haff tem como manifestações clínicas mialgia súbita e grave, fraqueza, rigidez muscular, não se observando febre, disfunção hepática ou dano renal. Os critérios definidores são história de ingestão de peixes 24 horas antes do início dos sintomas, elevação dos níveis da enzima Creatina Quinase (CK). No Amazonas os peixes de água doce pacu-manteiga (Mylossoma duriventre), tambaqui (Colossoma macropomum) e pirapitinga (Piaractus brachypomus) foram os causadores.

Na maior parte das vezes a doença não é tão grave que possa levar a morte, e a maioria dos pacientes afetados melhoram tendo rápida recuperação, mas por vezes, quando o tratamento não é realizado a doença pode se agravar e levar a condições mais graves como a falência múltipla dos órgãos.

É imprescindível o acompanhamento do nefrologista em casos de Doença de Haff.

Fontes: tuasaude / vix / g1.globo Artigo: Raquel Moraes et. al