Fiocruz alerta: o Caramujo Africano pode transmitir um tipo de meningite e não deve ser manipulado!

Texto de Thailine Costa – Bióloga

A notícia de que uma nova forma de meningite tem se espalhado pelo Brasil, foi dada recentemente pela FIOCRUZ – Fundação Oswaldo Cruz. O primeiro caso identificado e relatado no nosso país foi em 2006 e desde então, foram confirmado 34 casos de infecção espalhados por vários estados. Essa meningite está sendo chamada de eosinofílica ou angiostrogíliase cerebral, é transmitida principalmente pelo caramujo africano e a infecção é causada por um verme chamado Angiostrongylus cantonensis.

Aqui no Brasil, a disseminação do parasito é devido ao grande número do caramujo gigante africano que é considerado uma praga, assim como os ratos, o que se sabe é que ambas fazem parte do ciclo natural do verme. As formas adultas do verme são encontradas nos roedores, onde se reproduzem e garantem que suas larvas são eliminadas pelas fezes desses animais e só assim as lavras são ingeridas pelos caramujos. Nos moluscos elas crescem e amadurece, tornando capazes de infectar animais vertebrados. O ciclo geralmente se acaba quando os ratos comem os moluscos infectados, porém o ser humano pode ser infectado se ingerir o caramujo ou o muco (baba) liberado por eles contendo as larvas do parasito.

Os pesquisadores destacam que o verme infecta diversos tipos de moluscos por que se alimentam de diversos tipos de plantas, desde as ornamentais, passando por frutas e verduras. E também são encontrados em áreas urbanas e rurais, por ficarem muito próximo as pessoas a transmissão torna-se fácil.

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A disseminação do parasito é devido ao grande número do caramujo gigante africano que é considerado uma praga, assim como os ratos, o que se sabe é que ambas fazem parte do ciclo natural do verme. Foto: Reprodução/infonet

Sintomas, diagnóstico e tratamento

A contaminação acontece quando há a ingestão do caramujo ou do muco contaminado, após isso, as larvas do verme migram para o sistema nervoso central e se alojam nas membranas que envolvem o cérebro – as meninges. Quando o organismo reconhece os invasores, inicia-se uma reação inflamatória, a qual chamamos de MENINGITE.

A doença em si é autolimitada porque os parasitos não conseguem se reproduzir no ser humano e morrem, porém alguns pacientes desenvolvem formas graves da doença, um dos fatores que contribui para isso, é o diagnóstico lento por terem sintomas parecidos com outras formas de meningites, como rigidez da nuca e febre, (comuns em meningites bacterianas e virais). Por isso, é de grande importância a identificação rápida da doença, o exame mais comum e indicado para os casos suspeitos é a punção lombar para a extração do líquor (líquido que fica nas meninges), mesmo que este exame seja um pouco invasivo, é necessário visto que há vários casos confirmados da doença.

Ainda não há remédios para matar os vermes no organismo, mas o tratamento é importante, pois amenizam os sintomas e reduzem as chances da doença evoluir. E mesmo que o verme morra sem o auxílio de remédios, a reação inflamatória que é desencadeada pelo organismo em resposta à infecção é muito danosa.

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Angiostrongylus cantonensis terceiro estágio larval removido de um caramujo. Fote: Reprodução/cdc
Fonte: fiocruz