Nova descoberta científica: Bactérias transgênicas que comem tumores

O crescimento desordenado dos tumores faz com que, no interior deles, surjam regiões cheias de células com baixo suprimento de oxigênio –células que, aliás, são resistentes à quimioterapia ou à radioterapia. Surgiu, portanto, a ideia de enviar a bactéria Clostridium novyi a essas áreas, por se tratar de um micróbio anaeróbico, ou seja, que precisa de um ambiente pobre em oxigênio para se multiplicar. Foi isso que levou os cientistas a pensarem nela como arma. Mas havia um problema em questão, essa bactéria possui um gene que normalmente permite que o micróbio produza uma toxina bastante agressiva em pessoas e animais. Para usá-la de forma segura, os cientistas “deletaram” parte do DNA da bactéria (tornando-a bactéria transgênica).

Feito a modificação, as bactérias foram então injetadas diretamente nos tumores –primeiro em ratos com uma forma artificial e agressiva de câncer cerebral, depois em cães que tinham desenvolvido naturalmente a doença e, finalmente, em uma mulher de 53 anos com um tipo de câncer muscular, já em fase de metástase (espalhamento pelo organismo). Uma vez no organismo, a bactéria foram capazes de “comer” pedaços do tumor e evitar danos aos tecidos saudáveis do paciente.

A abordagem dobrou a expectativa de vida dos ratos e eliminou ou reduziu bastante o tumor em 40% dos cães. O tumor no ombro da paciente humana também ficou praticamente destruído, sem células viáveis sobreviventes. Os resultados são encorajadores. A pesquisa ainda se encontra na fase 1 dos testes clínicos, cujo objetivo é verificar apenas se a terapia é segura.

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Bactérias transgênicas passaram a “se alimentar” das células tumorais eliminando ou reduzindo consideravelmente a doença em cobais, cães e uma mulher. Foto: Diariodebiologia

Como todo tratamento, houve efeitos colaterais em todos os casos, os quais lembram muito uma infecção tradicional: inchaço, dor e febre. Quando a bactéria conclui seu trabalho, os cientistas podem controlá-la com antibióticos tradicionais.

É preciso levar em conta o fato de que os tumores são muito heterogêneos, então é normal que uma única estratégia não consiga destruí-los totalmente. A bactéria poderia ser uma arma para reduzir o tamanho deles, sendo combinada a outras terapias que atacariam as células tumorais que não estão sob essa condição de baixo nível de oxigênio. E é cedo para dizer quais tumores seriam mais vulneráveis a ela.

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Clostridium novyi é uma bactéria anaeróbica obrigatória encontradas do solo e em fezes. É altamente patogênico com seres humanos e animais. Foto: Reprodução/vetbakt

Fontes: folha.uol

Este texto é de autoria do Biólogo Paulo Alex