Se você estivesse vivendo há 100 anos , como seriam suas roupas? Onde você estudaria? Que músicas estariam em alta? Afinal, como seria viver no Brasil há um século?
Entramos agora em uma cápsula do tempo e voltamos para o Brasil de 1921, há 100 anos.
Nosso presidente era Epitácio Pessoa, que havia vencido por eleição direta, nada menos que, o escritor Rui Barbosa.
Brasília ainda não existia, a capital do país era o Rio de Janeiro.
A população de todo país ficava em torno de 30 milhões, incluindo brasileiros e estrangeiros.
Nossa moeda era o “réis”, criada no século 19.
Não é possível fazer uma comparação exata com a moeda atual.
Mas podemos dizer que o menor salário da época era em torno de 25 mil-réis, enquanto hoje, o salário mínimo é, por volta de 1100 reais.
A primeira guerra mundial teria terminado há 3 anos, em 1918, e o mundo inteiro estava passando por intensas mudanças em diversas áreas, inclusive o Brasil.
Moda brasileira
A moda seguia os padrões franceses e surgiu a figura da melindrosa, com saias mais curtas, abolição do espartilho e cabelo chanel.
Por causa do clima tropical, as brasileiras aceitaram bem essa moda de vestidos tubulares e curtos com os braços à mostra.
Nas praias do Rio de Janeiro, as moças usariam algo assim, já bastante ousado para a época, mas, foi um tempo de mudanças!
No entanto, se você fosse um rapaz, sua moda seria algo como esse terno comportado, mesmo durante o dia.
Uma moda pouco condizente com nosso país tropical, não é?
Educação brasileira
Desde a independência, o Brasil teve um aumento absurdo nos índices de analfabetismo.
Em 1921 cerca de 70% da população adulta era analfabeta.
Foi quando o governo começou a se preocupar em alfabetizar as crianças.
Se você fosse à escola, em uma capital, como São Paulo ou Rio de Janeiro, estudaria turmas separadas de meninos e meninas.
O uso da palmatória era muito comum e seria muito bom se você acertasse todo ditado em latim para não levar palmadas da professora!
Há 100 anos, finalmente tivemos um ensino superior com o título de universidade.
A primeira instituição chamou-se universidade federal do Rio de Janeiro: A UFRJ, que funciona até hoje.
As músicas brasileiras
Para ouvir músicas, nós não tínhamos nada além dos rádios por aqui.
Há 100 anos criou-se o samba como conhecemos hoje, e esse ritmo logo se tornaria a música nacional!
Você escutaria uma música que falava do cotidiano brasileiro, nas vozes de Noel Rosa e Lamartine Babo.
Foi uma época de elevados padrões de arranjos e orquestração para nossa música.
A saúde no Brasil
Curiosamente, há 100 anos, estávamos saindo de uma epidemia de gripe espanhola.
Sem muitos recursos, o país havia sido devastado pelo vírus.
Relatos da época dizem que havia tantos doentes que faltavam pessoas até para enterrar os mortos que se amontoavam nos cemitérios.
A situação começou a se resolver, quando o médico Carlos Chagas tomou frente.
Só no Rio de Janeiro, ele criou cinco hospitais e mais de 20 postos de atendimento.
O carnaval de 100 anos atrás
Com a gripe espanhola controlada, o país viveu, um dos maiores carnavais já vistos na história.
Ainda não existiam as escolas de samba. Mas, havia blocos, cordões e até carros alegóricos.
Mulheres que até então tinham os corpos cobertos, usaram fantasias mostrando a barriga e as coxas. Algo inusitado na época.
Para viver no Brasil no carnaval, o lança perfume era liberado e várias indústrias passaram a fabricá-lo, para animar o Carnaval.
As garrafinhas podiam ser compradas em qualquer loja ou farmácia.
Empregos no Brasil há 100 anos
Há 100 anos, São Paulo despontava como metrópole industrial.
O trabalho escravo, teoricamente, não existia, mas os negros, tinham os empregos mais duros e minimamente remunerados, como carregadores de carga e faxineira.
Na verdade, o trabalho no Brasil, era predominantemente rural, ainda utilizando muito da mão de obra estrangeira assalariada.
Mas, se você morasse em um grande centro e quisesse ter um bom emprego, bastava ser alfabetizado e ter um curso de datilografia.
Você teria uma vida profissional promissora na década de 1920.
Jornais e revistas que circulavam
Para viver no Brasil há 100 anos, muitas famílias não podiam ter um rádio em casa, os maiores veículos de notícias eram o jornais e revistas.
Os jornais, “estado de São Paulo” e “Diário do Rio de Janeiro” eram os grandes destaques.
Para o deleite das moças e senhoras casadas, revistas para mulheres eram lançadas aos montes.
A “revista feminina”, por exemplo, tinha como missão: buscar a emancipação das mulheres e mantê-las na cultura católica tradicional.
Os destaques das revistas eram os modelos de vestidos e o “menu para meu marido” com receitas para agradar o “boy”.
Acontecimentos marcantes em 1921
Neste ano, começam a ser montados os primeiros carros no Brasil, pela montadora Ford.
Em 1921, a Nestlé abre sua primeira fábrica no país, na cidade de Araras em São Paulo.
Em janeiro, fundava-se em Minas Gerais, o Cruzeiro Esporte Clube, um dos grandes times de futebol do país.
Em agosto, a Companhia Antarctica Paulista, lançava o primeiro refrigerante brasileiro com o nome de Guaraná Champagne. Hoje, nosso queridíssimo guaraná Antarctica.
Em novembro de 1921 morria Isabel de Bragança Bourbon e Orleans, a princesa Isabel.
Locais que não existem mais
Caminhando pelo rio de Janeiro em 1921, você veria construções incríveis que não existem mais.
O Palácio Municipal do Rio de Janeiro foi demolido para obras de modernização em 1940.
A Praça Onze de Junho, um dos berços do samba e da boemia carioca, foi destruída na década de 40 para construção da avenida Getúlio Vargas.
A Igreja de São Pedro dos Clérigos também foi demolida na mesma época para a abertura desta avenida.
O suntuoso Palácio Monroe, chegou a ser sede da Câmara e do Senado federal, foi demolido em 1975 e até hoje, nenhum carioca aceita essa perda!
Que tal? Gostaria de viver há 100 anos? Sem celular, sem televisão? Sem muitos recursos médicos?