Como sol se  mantém aceso sem oxigênio?

Texto de João Calafate – Professor de Ciências/ Portugal

 “Para haver fogo, é necessário combustão, comburente e oxigênio, certo? Então como sol se mantém ‘vivo’ sem oxigênio.” (Matheus Soares)

Matheus, sua dúvida é muito interessante e a ciência atual consegue dar uma boa explicação lógica para ela. Temos que  ter atenção, pois para haver uma reação de combustão, que é uma reação química exotérmica, é necessário existir dois elementos: uma substância que seja combustível e um gás comburente na quantidade certa, que pode ser o oxigênio. Contudo, as reações químicas que acontece, no Sol, e as outras estrelas do universo, não são reações de combustão mas sim de fusão nuclear. Se o Sol fosse uma gigantesca fogueira em combustão, então iria de fato apagar-se rapidamente (ou nem teria sequer começado).

Mas o que é a fusão nuclear? De uma forma simples, podemos dizer que no interior das estrelas (que são formadas principalmente por Hidrogênio quando ainda são jovens ou de meia-idade), a pressão e a temperatura são tão elevadas podendo atingir milhares de graus Celsius, que os átomos no seu interior estão muitíssimo agitados e chocam uns contra os outros violentamente, se “desmembrando” separando e fundindo os nucleões (em vez de eletróns) do núcleo atômico (que estavam unidos por forças fortíssimas). Assim, dois núcleos de Hidrogênio que normalmente se repelem, acabam ficando tão próximos (devido à pressão enorme a que estão sujeitos) que se fundem, criando um núcleo de um outro elemento, mais pesado (tem mais massa que o hidrogênio), chamado Hélio. Neste processo, há uma ligeira perda de massa a qual é convertida em energia. Essa quantidade de massa é muito pequena mas como essas reações estão constantemente acontecendo e em cadeia, gera-se muita energia no interior das estrelas. A fusão nuclear requer muita energia para acontecer, mas geralmente liberta muito mais energia que consome. Por isso, os cientistas hoje estudam a possibilidade obter energia desta forma, no entanto, ainda não foi possível por ser um processo extremamente difícil pela necessidade de  recriar as condições extremas de temperatura e pressão existentes no interior das estrelas.

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Se o Sol fosse uma gigantesca fogueira em combustão, então iria de fato apagar-se rapidamente (ou nem teria sequer começado). Foto: Reprodução/nationalgeografic

E é essa energia, resultante da fusão nuclear, que faz com que as estrelas emitam luz e calor por radiação (luz e calor por radiação são parte da mesma coisa: radiação eletromagnética) durante milhões ou milhares de milhões de anos. Assim,  mesmo não havendo oxigênio disponível para ser utilizado pelo Sol, mesmo assim ele mantém a aparência de fogo, pois a fusão nuclear  o faz estar em “chamas”, o que é diferente da reação química que faz queimar as substâncias aqui na Terra e à qual se dá o nome de combustão (e esta sim normalmente necessita de oxigênio para ocorrer).

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Na fusão nuclear, há uma ligeira perda de massa, um neutron, a qual é convertida em energia. Foto: Reprodução/universetoday

 

Fontes: Ciência com Todos, Infopédia e wikipedia