O que é Diabetes gestacional: tudo que você precisa saber

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O diabetes gestacional surge como um risco silencioso que merece atenção.

A descoberta de uma gravidez é um momento mágico que traz para a mãe diversas indagações e expectativas sobre como será a nova experiência.

O Diabetes gestacional é uma patologia que se relaciona com fatores ambientais, genéticos e, sobretudo com as mudanças hormonais características do período de gestação e que pode ter consequências de curto e longo prazo, tanto para a mulher quanto para o bebê.

O que é diabetes gestacional

Diabetes gestacional caracteriza-se pelo aumento do nível de açúcar no sangue durante a gravidez, a explicação fisiopatológica central para este quadro está relacionada ao fato de que a gestante passa por consideráveis alterações na produção de hormônios e alguns destes afetam o seu metabolismo energético.

É o caso, por exemplo, de hormônios placentários, sendo o principal o lactogênico placentário, que diminuem a ação da insulina.

Em uma mulher não diabética e não gestante a insulina, hormônio produzido pelo pâncreas, atua retirando o excesso de glicose do sangue e enviando para o interior das células, isto regula o nível sérico de glicose, ou seja, mantém sob controle a glicemia.

Quando falamos de mulheres grávidas a situação é diferente, os hormônios afetam negativamente o desempenho da insulina e para manter o equilíbrio glicêmico no sangue o pâncreas precisa produzir maior quantidade deste hormônio.

Entretanto, esta resposta não ocorre em todas as gestantes e é este o processo que desencadeia o diabetes gestacional.

Uma vez que não há insulina suficiente para encaminhar açúcar do sangue para as células, a glicose acumula-se na corrente sanguínea da mãe gerando um quadro de hiperglicemia, por tabela, o excedente de açúcar também afetará o feto dentro da placenta.

Assista ao nosso vídeo sobre o Diabetes na gravidez, disponível no nosso canal do Youtube. Aproveite, e se inscreva!

https://youtu.be/FCZySaSBU38

Riscos para o bebê

A glicose materna é o principal aporte energético do feto durante o seu desenvolvimento.

Contudo, se a placenta passa a fornecer açúcar em excesso, isto pode colocar em risco a saúde do bebê.

Com a alta disponibilidade de glicose via placenta, com o tempo, é o pâncreas da criança que fica sobrecarregado, sem condições metabolizar todo o açúcar, parte desse excesso é convertida em gordura e o bebê ganha peso além do esperado (macrossomia fetal), podendo levar ao parto traumático, sendo necessária, na maioria dos casos, a cesariana.

Outras complicações geradas pela doença envolvem, por exemplo:

  • maior chance de parto prematuro;
  • absorção prejudicada de minerais como potássio, cálcio e magnésio;
  • hipoglicemia e icterícia no neonatal;
  • aumento na incidência de obesidade e diabetes na fase adulta de pessoas oriundas de gravidez com histórico de diabetes gestacional.

Sintomas de diabetes gestacional

Na maioria dos casos os sintomas do diabetes gestacional não são muito evidentes e acabam confundidos com sintomas normais de uma gravidez normal como:

  • vontade frequente de urinar,
  • náuseas,
  • aumento da sede,
  • cansaço excessivo.

Em alguns casos os sintomas podem ser mais acentuados e manifestar-se como:

  • aumento exagerado do apetite,
  • ganho de peso anormal da mãe ou do bebê,
  • visão turva,
  • pressão arterial aumentada,
  • infecções vaginais.

Mulheres que têm mais predisposição

Qualquer gestante pode desenvolver diabetes gestacional.
Contudo, de acordo com a Sociedade Brasileira de Diabetes, algumas mulheres são mais propensas à patologia e por isso devem ficar mais atentas.
Dentre os fatores de risco destacam-se:

  • idade acima de 35 anos;
  • hipertensão arterial,
  • sobrepeso e obesidade;
  • aumento de peso rápido e exagerado durante a gravidez;
  • histórico de diabetes na família;
  • triglicérides e/ou colesterol altos;
  • síndrome de ovários policísticos;
  • gravidez múltipla.

Ressalta-se que o diabetes gestacional tende a regredir após o parto, porém, será maior a chance de a doença ocorre novamente em gestações futuras.

Como prevenir diabetes gestacional

É importante que, já no início da gestação, a grávida tome alguns cuidados para evitar desenvolver diabetes gestacional e para tanto três pilares devem ser considerados:

1 — Pré-natal

Este é um pilar óbvio e fundamental, mas que ainda hoje, muitas grávidas negligenciam.

São as consultas e exames periódicos que poderão sanar quaisquer dúvidas da futura mamãe.

2 — Não ficar sedentária

A gestante que não movimento o corpo aumenta a chance de ganhar peso em excesso e ainda pode desenvolver apetite exagerado, graças à ansiedade, tudo isso vai contribuir para aumentar a sua glicemia.

É muito bem vinda a prática de pelo menos 30 minutos de atividades físicas como caminhada, natação, pilates ou yoga.

Esta indicação é válida desde que seja liberada pelo obstetra e direcionada por um profissional de educação física.

3 — Alimentação balanceada

O que comer quando se tem diabetes gestacional ou pretende-se preveni-lo também é extremamente relevante.

Deve-se focar em alimentos com carboidratos complexos como:

  • integrais (farinha integral, quinoa, aveia, milho, ervilha, lentilha);
  • gorduras naturais encontradas em oleaginosas (castanha-de-caju, amêndoa, castanha-do-Pará, noz, avelã),
  • coco,
  • abacate,
  • azeite de oliva.

Alguns pontos como altura e peso da mãe, tipo de atividade física e histórico médico, devem ser considerados na hora de montar um cardápio eficiente.

Por isso é tão importante o acompanhamento de um nutricionista.

Como é feito o diagnóstico?

Diante da possibilidade de ser uma doença assintomática, recomenda-se que qualquer gestante inclua em seu pré-natal, sobretudo a partir do sexto mês, exames para monitorar os níveis de glicemia.

O diagnóstico, segundo a Sociedade Brasileira de Diabetes [1] é feito por meio de exames laboratoriais.

Um dos exames é o teste de glicemia em jejum que mensura a quantidade de açúcar no sangue após um prolongado período sem ingestão de alimento, neste caso é esperado que o valor da glicose não seja maior que 92 mg/Dl.

Os valores maiores devem ser investigados.

Outro exame recomendado para a gestante é o teste oral de tolerância glicêmica, a glicemia é avaliada 1 e 2 horas após a ingestão de 75g de carboidrato.

Os valores entre 180 mg/dL e 153 mg/dL já são considerados preocupantes.

Como é feito o tratamento?

O controle da doença durante a gravidez é feito pela combinação de dieta adequada — diminuir gorduras saturadas e excesso de carboidratos simples de rápida absorção — e atividade física regular.

Para tanto é importante a orientação de profissionais de cada área como nutricionista, obstetra e educador físico.

Para gestantes que não obtêm sucesso no controle glicêmico apenas com reeducação alimentar e prática de atividade física, recomenda-se a insulinoterapia.

Este é um protocolo totalmente seguro para a mãe e o bebê, sendo de extrema importância no controle dos riscos do diabetes gestacional.

Normalmente após o parto a mãe atinge o equilíbrio hormonal e com isso a doença é superada.

Ainda no puerpério a mulher deve repetir o teste oral de tolerância glicêmica para confirmar a cura do diabetes gestacional.

Mas a mulher que já apresentou a condição de diabetes gestacional deve redobrar os cuidados com a saúde e fazer exames periódicos para avaliar sua glicemia.

Isso porque, é comprovado que serão maiores os riscos de desenvolver diabetes tipo 2 ao longo da vida.

Considerações finais sobre Diabetes Gestacional

Como vimos o diabetes gestacional é uma doença que se não tratada pode gerar complicações durante ou após a gestação.

No entanto, se forem seguidas todas as recomendações e com o acompanhamento dos profissionais indicados, o transtorno que pode ser contornado.

Isso, de fato, permitirá que tanto a mãe quanto a criança sigam saudáveis.

Texto de: Shaiany Sabrina Lopes Gomes, Doutora em Genética e Biotecnologia
Fonte: Sociedade Brasileira de Diabetes [1]