Hiperêmese gravídica: quando o enjoo da gravidez vira doença

hiperêmese gravídica

A hiperêmese gravídica é um distúrbio que algumas mulheres sofrem durante a gravidez que causam náuseas e vômitos constantes de forma grave.

Essa condição não é um enjoo matinal de gravidez. É muito mais que isso!

Mulheres que sofrem de hiperêmese gravídica tem episódios de vômitos várias vezes ao dia que provocam perda de peso e desidratação.

O estado pode ficar tão grave que a mulher precisa ser internada para cuidados especiais.

Como diferenciar hiperêmese gravídica do enjoo matinal?

Muitas mulheres têm essa dúvida, uma vez que, algumas sofrem com enjoos severos e têm medo de que estejam desenvolvendo a condição.

Enjoo matinal

Os enjoos matinais sofridos comumente pelas gestantes consistem em sensação de enjoo com náuseas, normalmente de manhã.

Algumas vezes pode vir acompanhado do vômito, uma vez ou duas por dia, mas não causa desidratação grave.

Ao mesmo tempo, começará no primeiro mês de gravidez, geralmente, desaparecem no terceiro ou quarto mês.

Algumas gestantes podem ter fadiga e uma ligeira perda de apetite.

Hiperêmese gravídica

Já na hiperêmese gravídica, a gestante terá náuseas o tempo todo e com episódios de vômitos severos mais de 3 vezes ao dia.

A condição leva a desidratação grave, pois, não permite que a mulher mantenha líquidos ou alimentos no estômago.

Os enjoos podem iniciar normais, mas podem se tornar hiperêmese gravídica até as primeiras seis semanas.

Ao mesmo tempo, o problema pode durar algumas semanas ou toda a gestação, levando a necessidade de internação hospitalar para cuidados especiais.

Não há, infelizmente, uma maneira de evitar a  hiperêmese gravídica, porém, há meios de administrar os sintomas e levar a gestação com menos desconforto.

Sintomas de hiperêmese gravídica

Essa condição desconfortável, geralmente começa durante o primeiro trimestre da gravidez.

Mas, dados estatísticos dizem que menos da metade das mulheres com hiperêmese, têm os sintomas durante toda a gravidez.

Os sintomas de hiperêmese gravídica mais comuns, são:

  • náusea quase constante;
  • perda de apetite;
  • vomitar mais de três ou quatro vezes por dia;
  • desidratação;
  • vertigem e tontura;
  • perder mais de 4 kg em um mês devido a náuseas ou vômitos.

De acordo com documento do Ministério da Saúde [1], na hiperêmese gravídica, além dos sintomas acima citados, a mulher pode sofrer de alcalose, perda de potássio, alterações na glicose, podendo culminar com insuficiência hepática.

Tratamentos para hiperêmese gravídica

O tratamento depende da gravidade dos sintomas e de como a condição está afetando a saúde da gestante.

Pelo menos 5% das mulheres com a doença precisa passar por internação no hospital para cuidados de enfermagem e médico.

Contudo, antes disso, o médico pode recomendar outros recursos:

Mudanças na alimentação

  • Se a mulher consegue comer, é importante que coma bem pouco e com mais frequência.
  • Beber também menores porções usando canudos e, mais vezes.
  • Preferir alimentos frios ao invés de quentes costuma diminuir as náuseas.
  • Alguns médicos recomendam bebidas esportivas, bem geladas, para reposição de eletrólitos e suplementos

Utilizar Gengibre

Beber pequenas porções de chá de gengibre costuma ajudar algumas gestantes.

No entanto, quem não agrada do chá, ou não consegue segura-lo no estômago, pode optar por comer o gengibre fresco de 1 a 2 gramas por dia.

Ao mesmo tempo, suplementos e balas também podem ajudar.

Piridoxina

Esta vitamina, conhecida como vitamina B6, é frequentemente prescrita para náuseas na gravidez.

As doses típicas são 10 mg a 25 mg, 3 vezes ao dia.

Contudo, jamais ultrapasse essa dose, pois pode levar a danos nervosos temporários.

Tiamina

Esta vitamina, conhecida como vitamina B1, pode ser administrada em doses de 1,5 mg por dia para alívio do vômito.

Medicamentos

O tratamento medicamentoso para hiperêmese gravídica algumas vezes se faz necessário para controle do vômito.

Pode ser preciso até que os medicamentos sejam administrados via supositório ou injeção.

São antiácidos e até esteroides. Um estudo publicado na Cochrane [2] o uso de medicações antieméticas como a metoclopramida e a ondansetrona também mostram eficientes.

Complicações da hiperêmese gravídica

A hiperêmese gravídica, não necessariamente pode matar, mas a gravidade da doença levará a complicações, como:

  • Perda de pesoPerder 5% do peso é comum.
  • Problemas renais. Os rins podem falhar, fazendo com que a micção diminua, ou seja, a mulher passa a fazer menos xixi.
  • Baixos níveis de minerais. Os eletrólitos podem diminuir bastante, sobretudo, o sódio e potássio, que causa tontura, fraqueza e alterações na pressão arterial.
  • Fraqueza muscular. A desnutrição, o desequilíbrio eletrolítico e a necessidade de repouso podem enfraquecer seus músculos.
  • Salivação. A produção excessiva de saliva pode piorar muito as náuseas.

O médico tratará os sintomas, de forma que essas complicações sejam o mais brandas possíveis.

Contudo, sem tratamento, há uma chance maior de o bebê nascer prematuramente ou ter um baixo peso ao nascer.

Quem tem mais risco de ter hiperêmese gravídica?

Alguns fatores que podem aumentar o risco de ter a hiperêmese, por exemplo:

  • mulheres que têm histórico familiar;
  • estar grávida de gêmeos ou mais;
  • estar obesa;
  • gravidez do primeiro filho;
  • doença trofoblástica, que ocorre quando há um crescimento anormal das células dentro do útero.

Considerações finais

A boa notícia é que os sintomas da hiperêmese gravídica desaparecerão após o parto.

No entanto, a recuperação pós-parto pode ser mais longa para mulheres com hiperêmese gravídica, devido a sua debilitação durante toda a gestação.

Artigos médico-científicos: Ministério da Saúde [1] Cochrane [2]