Reumatismo no sangue ou febre reumática: entenda as complicações e causas da doença

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O reumatismo no sangue, mais conhecido como febre reumática, é uma condição que surge  após uma infecção por bactérias do grupo das Streptococcus . Essas bactérias causam infecções na garganta , escarlatina e até celulite. Então, se essas infecções não forem tratadas adequadamente, elas podem levar à febre reumática (reumatismo no sangue).

Afeta mais frequentemente crianças, geralmente, entre os 6 e os 15 anos de idade, uma vez que as infecções por Streptococcus  são mais comuns neste grupo etário.

Sendo assim, o reumatismo no sangue, é um distúrbio inflamatório autoimune. A febre reumática é uma resposta autoimune, o que faz com que o corpo ataque seus próprios tecidos. Esta reação provoca inflamação generalizada em todo o corpo, que é a causa dos sintomas do reumatismo no sangue.

Quem tem mais risco de ter febre reumática?

Alguns fatores que podem aumentar o risco de uma pessoa ter reumatismo no sangue, como por exemplo:

  • Hereditariedade. Algumas pessoas carregam genes que podem torná-las mais propensas a desenvolver febre reumática.
  • Tipo de bactérias estreptocócicas. Certas cepas do grupo das Streptococcus são mais predispostas a contribuir para a doença do que outras cepas.
  • Fatores ambientais. O reumatismo no sangue está associado à superlotação e falta de saneamento. Ao mesmo tempo, outras condições ambientais podem facilmente resultar na transmissão rápida.

Sintomas do reumatismo no sangue

Uma grande variedade de sintomas está associada à febre reumática. Com o desenvolvimento da doença a pessoa pode sentir alguns ou vários dos sintomas a seguir. Os sintomas geralmente aparecem duas a quatro semanas após a infecção de garganta por Streptococcus e podem ser:

  • Sinais na pele. pequenos e indolores caroços sob a pele, manchas vermelhas levemente elevadas e irregulares;
  • Sinais cardíacos: taquicardia e falta de ar, letargia ou fadiga, sangramento nasal, dor no peito, tosse e inchaço nas pernas. Ao mesmo tempo, pode-se notar sopro cardíaco causado pela inflamação das válvulas e músculos do coração;
  • Sinais nas articulações: dor e inchaço de articulações, como joelhos, cotovelos, tornozelos e pulsos. Essa dor pode revezar de articulação. Além disso, ocorrem juntas vermelhas, quentes e inchadas
  • Sinais neurológicos: ocorrência de coreia, ou seja, movimentos involuntários do corpo, como levantar braços ou pernas sem querer. Também pode acontecer falta de concentração e explosões de choro ou riso inesperados.

️ Atenção: crianças de qualquer idade com febre persistindo por mais de 3 dias, procure um médico rapidamente.

Reumatismo no sangue ou febre reumática
Manchas avermelhadas, conhecidas como eritema marginatum, um dos sintomas de febre reumática.

Como é feito o diagnóstico

A febre reumática é diagnosticada a partir da ocorrência dos principais sintomas e exame clínico do paciente. Ao mesmo tempo, alguns exames de sangue podem ser capazes de diagnosticar inflamações serão solicitados, como VHS e PCR. Contudo, exames como o hemograma completo, não têm essa capacidade.

O exame ASLO é capaz de confirmar a presença do anticorpo para o estreptococo causador do reumatismo no sangue. Esse exame pode ser feito com coleta de secreções da garganta e parta exame de sangue, confirmando o diagnóstico.

Tratamentos contra a febre reumática

As diretrizes para a febre reumática publicada nos Arquivos Brasileiros de Cardiologia [1],  diz que o objetivo do tratamento da doença é eliminar o processo inflamatório. Isso, decerto, irá diminuir as repercussões clínicas sobre as complicações e promover o alívio dos principais sintomas. Esse tratamento pode então, incluir as seguintes estratégias:

Hospitalização

De acordo com as diretrizes, a necessidade de internar o paciente varia de acordo com a gravidade. Se há, por exemplo, suspeita de complicações como cardiopatia ou artrite. Os médicos consideram que internar o paciente abrevia o tempo entre a suspeita da doença e o diagnóstico. Com isso, é possível iniciar rapidamente o tratamento e, ao mesmo tempo, promover a educação do paciente e de sua família, no que se refere às informações sobre ao reumatismo no sangue.

Antibióticos

Assim que a febre reumática for diagnosticada, o médico irá prescrever antibióticos, como a penicilina benzina ou benzetacil e, é possível que sugira um tratamento de longo prazo para evitar a volta da infecção. Somente em casos raros, o paciente pode receber doses baixas de antibióticos por muitos anos para evitar que a doença se repita.

Tratamento anti-inflamatório

A doença causa dores, por isso, o tratamento com anti-inflamatórios, como ibuprofeno e prednisona, associados aos antibióticos. Ao mesmo tempo, se não forem suficientes, usa-se analgésicos como aspirina ou naproxeno para alívio da dor.  Os médicos também podem prescrever um corticosteroide para reduzir a inflamação.

Repouso na cama

O médico, decerto, recomendará repouso e atividades restritas até que os principais sintomas – como dor e inflamação – tenham passado. Recomenda-se, também, repouso rigoroso à longo prazo, se a febre tiver causado problemas cardíacos.

Complicações da doença

Uma vez desenvolvidos, os sintomas da febre reumática podem durar meses ou até anos. Dessa forma, acaba por causar complicações a longo prazo em determinadas situações. Uma das complicações mais prevalentes é a doença cardíaca reumática . Ao mesmo tempo, outras condições cardíacas incluem:

  • Estreitamento da válvula aórtica no coração.
  • Vazamento na válvula aórtica que faz com que o sangue flua na direção errada.
  • Dano muscular do coração
  • Batimento cardíaco irregular nas câmaras superiores do coração.
  • Por fim, insuficiência cardíaca

Um estudo publicado na  Revista Brasileira de Reumatologia [2] revelou que, no Brasil, o reumatismo no sangue origina problemas cardíacos e artrite. Contudo, em todo país, há predomínio do acometimento da valva mitral, seguido da aórtica isolada ou associada ao comprometimento mitral.

Artigos médico-científicos: Arquivos Brasileiros de Cardiologia [1] Revista Brasileira de Reumatologia  [2]