Varizes e vasinhos: Médico explica causas, sintomas e tratamentos

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Falamos de varizes e muitas vezes esquecemos que elas são apenas uma das apresentações de uma doença muito frequente, a insuficiência venosa crônica. Os vasinhos que incomodam esteticamente muitas mulheres, também são uma das faces desse mal. Ao mesmo tempo, muitas pessoas se recusam a buscar um cirurgião vascular.  Entenda as causas, sintomas e tratamentos para varizes e vasinhos.

Os sintomas, como dores, inchaço e manchas em membros inferiores também podem aparecer por causa dessa moléstia. Contudo, curiosamente, nem tudo aparece em todo mundo. Algumas pessoas têm vasinhos, mas, não apresentam outras varizes ou sintomas. Ao mesmo tempo, outras sofrem os sintomas e não têm vasinhos ou varizes. E, por último, alguns têm varizes e não têm queixas de sintomas ou vasinhos. Assim, fica difícil entender que tudo faz parte da mesma doença.

O problema principal é a incompetência das válvulas venosas. Essas direcionam o fluxo sanguíneo para o coração. Dessa forma, quando deixam de funcionar adequadamente e causam uma hipertensão venosa, essa hipertensão, associada à fragilidade da parede venosa, causa sua dilatação e extravasamento de conteúdo plasmático. Todo esse processo,  leva à dilatação das veias em varizes e vasinhos. O resultado é o aparecimento dos sintomas venosos como inchaço, dor, sensação de peso nas pernas e outros.

O tratamento correto

A supersimplificação de um problema complexo como este pode levar ao entendimento errado, Muitos pacientes pensam que o problema pode ser resolvido de uma só maneira. Mas, não é bem assim. A única maneira de tratar o problema por completo seria atuando na sua causa. Ou seja, o que leva à falência das válvulas, o problema genético, no caso das varizes primárias. Por ser uma doença muito prevalente, sabe-se que são vários genes que atuam na causa. Assim, não é um problema único e facilmente isolável. Dessa forma, enquanto não há tratamento para o problema genético, resta-nos tratar as consequências, e cada uma delas requer tratamento conceitualmente diferente.

É por isso existem tantos tratamentos diferentes para varizes e vasinhos. Da mesma forma, um tratamento pode não resultar no objetivo que esperado, simplesmente porque o objetivo era outro. Veja bem, veias grandes podem ser retiradas ou fechadas (esclerosadas); vasinhos podem ser fechados (trombosados ou fibrosados); e os sintomas podem ser aliviados, com várias diferentes técnicas. Mas entenda, o tratamento dos sintomas não faz as veias desaparecerem. Ao mesmo tempo, o tratamento dos vasinhos não faz as varizes ou sintomas desaparecerem e vice-versa.

O tratamento medicamentoso oral ou tópico para varizes, embora capaz de aliviar sintomas é incapaz de fazer varizes e vasinhos desaparecerem. A cirurgia tradicional de varizes, muito eficaz com varizes de grosso calibre, pode não ter atuação nos vasinhos, embora seja substrato necessário para que o tratamento estético ocorra. O uso de meia elástica, muito eficaz na prevenção da piora e alivio dos sintomas é incapaz de fazer desaparecer varizes e vasinhos.

Tratamentos com laser

A cirurgia de varizes com laser endovenoso, o laser por dentro das veias, é muito eficaz no fechamento de varizes e no tratamento de safenas e perfurantes. Contudo, não tem atuação nos vasinhos estéticos superficiais. Nesse caso, a mesma energia, do laser, pode ser usada, mas agora de forma transdérmica, ou seja, através da pele.

Assim, o laser transdérmico pode fechar os vasinhos, mas é incapaz de fechar e tratar varizes grandes. Requer que a doença não estética seja tratada antes para que haja benefício estético depois. Espuma densa também ficou na moda recentemente, embora seja técnica muito antiga, e tem a capacidade de fechar vasos pequenos e grandes, mas com eficácia menor do que a cirurgia e o laser, associado a complicações não estéticas.

Por ser doença de variadas facetas, e grande variedade de apresentações e tratamentos, pode parecer difícil seguir com o tratamento adequado. A melhor orientação é compreender o seu problema e discutir com seu cirurgião vascular todas as possibilidades de tratamentos, juntamente com suas vantagens e desvantagens.

Como especialista, afirmo que não é comum situação em que apenas um tratamento resolva todos os problemas. Afinal, na maioria das vezes é necessário associação de técnicas, lembrando que nenhuma delas trata a origem genética do problema. Ou seja, se não fizer o acompanhamento, pode haver progressão da doença. Após o tratamento inicial, mudanças de hábito de vida e “manutenção” anual são capazes de manter as pernas saudáveis por muito tempo.