A descrição do vídeo diz: “Na África, peixe dá na terra igual batata!”. Sim é apavorante e parece um daqueles virais que recebemos pelo WhatsApp ou surgem em nossas timeline do Facebook. Algumas pessoas estão atribuindo o vídeo a um milagre para combater a fome, ou que os peixes são demônios. O vídeo é VERDADEIRO. Estes homens estão realmente tirando peixes encapsulados da terra seca. Montagem? Não. Milagre? Não. Demônios? Não.
Este peixe pertence ao grupo dos sarcopterígios, que são dipnoicos, ou seja, podem ser pulmonares facultativos. Isso quer dizer que possuem respiração branquial quando há água e respiração pulmonar quando não há água. Algumas espécies podem ser pulmonados obrigatórios. Estes peixes, vivem exclusivamente em água doce e possuem o corpo alongado. Como adaptação, suas narinas são atípicas, elas se abrem dentro da cavidade bucal.
Mas como e porque esses peixes estão dentro de uma capsula enterrados no chão seco, sem água nenhuma? Isso é bastante curioso, conforme escreveu o site Magnus Mundi, quando está na água, o peixe pulmonado se comporta como qualquer outro peixe, nadando e se alimentando de peixes menores ou crustáceos no fundo de lagoas e córregos. Durante a época das chuvas o peixe cresce e acumula gordura corporal, devido à grande quantidade de alimentos ingerido. Com a estiagem e, consequentemente, com a baixa das águas, deixa de se alimentar e mergulha na lama; cava um canal de até 1 metro de profundidade no lodo, engolindo a lama e empurrando para fora pelas suas brânquias e este canal terminara numa câmara que varia de tamanho de acordo com as dimensões do peixe, e secretará um muco para fora de sua pele. Uma vez que o muco endurece, formará um casulo protetor em torno dele.
Neste buraco, o peixe diminuirá seu metabolismo ao máximo possível e viver exclusivamente às custas da respiração pulmonar. A energia necessária para manter seu pouco metabolismo vem das proteínas musculares. Normalmente, eles aguentam bem por 6 meses nesta “vida de batata” dentro da cápsula. Mas especialista dizem que podem viver por até 4 anos assim. Quando a chuva retorna, os peixes tornam-se ativos e voltam a nadar normalmente.
Na África, o peixe é comido pelos moradores locais, que costumam cavar o peixe do solo seco. Foi isso que vimos no vídeo.
No Brasil, a pirambóia (Lepidosiren paradoxa) pode ter esse mesmo comportamento. Podem ser encontrados em regiões alagadas e pantanosas da Amazônia, Mato Grosso do Sul e também no rio Prata, no Paraguai, e foi descrito como um réptil em 1836, quando da sua descoberta.
Fonte: magnusmundi / e-farsas/ Dipnoicos
Imagens e vídeo: magnusmundi / facebook