Cientistas implantam olhos funcionais na cauda de girinos cegos e comemoram: “Essa técnica pode ser usada em humanos”

Um artigo publicado na Regenerative Medicine parece ter causado polêmica pelos comentários dos autores em entrevistas a alguns meios de comunicação.  O estudo mostra os resultados de alguns anos de cirurgias microscópicas, e a descoberta é bizarra: se você transplantar um olho no local que se tornará a cauda do girino, esse órgão – embora possa parecer fora do lugar certo – poderá permitir que o animal enxergue.

Com ajuda de uma droga para enxaqueca, o Zolmitriptano: um composto que ativa receptores de serotonina, os olhos implantados foram capazes de crescer novas conexões ao sistema nervoso do girino. A pesquisa parece sem muita importância, mas na verdade, é muito mais que isso pois mostra como os nervos de órgãos transplantados podem ser usados ​​para se conectar com o sistema nervoso central. Este estudo poderá alavancar as técnicas de transplantes de órgãos e até a forma como os nervos podem se regenerar após uma grave lesão.

Nos anfíbios, o Zolmitriptano, aumentou a capacidade do corpo para estimular o crescimento nervoso. Os trabalhos anteriores mostraram que os olhos funcionais poderia ser enxertados em girinos cegos , mas a nova pesquisa mostra é possível usar drogas para melhorar a eficiência do processo. As moléculas nessa droga estimulam um importante processo biológico chamado inervação, no qual os nervos são fornecidos a partes específicas do corpo, ativando um par de receptores de serotonina associados ao desenvolvimento neural. Os girinos com enxertos de olho registraram 11% no teste, mas entre girinos com enxertos de olho e o tratamento com Zolmitriptano, 29% teve sucesso, o que evidencia que o composto impulsiona conexões neurais ao redor dos olhos implantados.

Girinos cegos passam a ver novamente usando olhos implantados em suas caudas.

Em seres humanos?

A partir desses resultados, os pesquisadores esperam que a descoberta possa melhorar o sucesso dos implantes biológicos em seres humanos. “Se um humano tivesse um olho implantado em suas costas e ligado à sua medula espinhal, seria capaz de ver com esse olho? Meu palpite é que provavelmente sim“, disse Michael Levin, um dos autores em entrevista à New Scientist.

A técnica poderia ser usada para facilitar outros tipos de implantes biológicos, tais como órgãos, tecidos e membros bioengenharia, desde bexigas, corações e traqueias até olhos, ouvidos e pele sensível. Consequentemente, este novo trabalho sugere que os cientistas podem ficar mais ambiciosos em seus pensamentos e considerar transplantes mais radicais. Por enquanto, isso apenas funciona em girinos, mas é um começo.

Fontes: gizmodo / uol / jornalciencia Artigo: Douglas J. Blackiston et. al Imagens: Reprodução/jornalcienciazmescience