A rã de Bornéu e sua habilidade de chamar a fêmea com a perna!

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Em muitos lugares que possuem uma população de sapos fica muito fácil identificar sua presença pelo som que emitem… Esse barulho estranho em muitas espécies de sapos é o que chama à atenção das fêmeas, ou seja, quem “cantar” mais alto vai se dar bem no final e garantir um belo encontro. Essa estranha habilidade foi necessária para que o encontro entre os anfíbios pudesse ser facilitado e a evolução garantiu isso muito bem!

Uma rã muito simpática chamada Staurois parvus que vive, principalmente, em Bornéu, uma ilha localizada na Ásia, pertencente à Malásia e Brunei, garante o seu sucesso na arte do amor com suas pernas, isso mesmo, essa pequena rã levanta sua perna para o alto faz uma giratória em forma de arco para chamar à atenção de suas fêmeas. Seu comportamento estranho de suas pernas foi definido como uma sensibilidade ao hormônio da testosterona ao longo do tempo da evolução.

A rã de Bornéu vive principalmente no alto de cachoeiras e sua vocalização não é suficiente para atrair as fêmeas, por isso deu um jeito peculiar de atraí-las de forma elegante e singela. Muitos animais na natureza também utilizam gestos dos membros para atrair parceiros ou parceiras para a reprodução. Uma equipe liderada pelo pesquisador Matthew Fuxjager da Universidade de Wake Forest, nos Estados Unidos, iniciou um estudo para descobrir a influência de hormônios nos músculos que provocava essa reação de “sinalização com o pé”. O pesquisador afirma que a testosterona pode influenciar os movimentos dos músculos, neste caso fazendo com que o animal realize um sinal com o seu membro.

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Essa pequena rã levanta sua perna para o alto faz uma giratória em forma de arco para chamar à atenção de suas fêmeas.

A equipe de pesquisadores capturou as rãs de Bornéu perto de riachos do Parque Nacional Ulu Temburong em Brunei e seus descendentes foram criados no Zoológico de Viena. Durante 10 dias, as rãs machos capturadas realizavam a sinalização com o pé todas as manhãs, então os cientistas injetaram testosterona num grupo e solução salina em outro, as rãs com mais testosterona intensificaram esse comportamento de sinalização com o pé em comparação com as outras. Além disso, os pesquisadores realizaram uma comparação de sequências de DNA e RNA de outros sapos que não possuem essa habilidade e descobriram que esse tipo de evolução ocorreu com um aumento na sensibilidade muscular da coxa à testosterona.

O cientista Fuxjager afirma que essa evolução ocorreu na maneira como os hormônios agem nos músculos que controlam os movimentos de ondulação e que esta característica é semelhante ao que aconteceu com a habilidade e capacidade de coaxar dos sapos, ou seja, as alterações hormonais ajudaram a refinar as habilidades motoras que levaram à evolução de novos monitores sexuais.

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Casal de Staurois parvus em amplexo.
Fontes: iflscience/ iucnredlist/ frogsofborneoeurekalert/
   Imagens: Reprodução/researchgateresearchgate2/researchgate3 /