Proteína vegetal se comporta como príon quando expressas por leveduras

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Príons são proteínas do sistema nervoso animal com diversas funções, que quando passam por alguma alteração em sua conformação, causam encefalopatias espongiformes transmissíveis (TSEs), formando agregados anormais, que causa uma perturbação do funcionamento do encéfalo. Os príons são o único caso conhecido de proteínas patogênicas (que provocam doenças) que se auto-propagam, e são capazes de provocar doenças graves, apesar de parecerem ser simples moléculas proteicas: ao contrário das bactérias, vírus e os outros agentes patogênicos conhecidos, não têm nenhuma informação codificada em ácidos nucleicos (DNA ou RNA) sobre como invadir e replicar-se dentro do hospedeiro.

Pela primeira vez, proteínas de Arabidopsis thaliana, uma das espécies de planta mais utilizadas na pesquisa científica atualmente nas áreas de genética, bioquímica e fisiologia, foram observadas com o que parece ser um comportamento semelhante aos príons quando expressos por leveduras.

Nas plantas, a proteína possui o nome de Luminidependens (LD), responsável por controlar o tempo de floração e a resposta à luz do dia. Quando se insere uma parte do gene LD em uma levedura, há produção de uma proteína que não se dobra de forma normal, e estende esse dobramento errado as proteínas a seu redor, num efeito dominó que produz agregados de proteínas defeituosas. As gerações posteriores das células da levedura herdam o defeito, já que suas versões da proteína também se dobram incorretamente.

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Pela primeira vez, proteínas de Arabidopsis thaliana, uma das espécies de planta mais utilizadas na pesquisa científica foram observadas com o que parece ser um comportamento semelhante aos príons quando expressos por leveduras.

O estudo, publicado em abril deste ano, não confirma se as proteínas vegetais com dobramento errôneo realmente possuem todas os efeitos que príons alterados. Para comprovar os efeitos de LD, os pesquisadores precisariam triturar uma planta e ver se podem encontrar uma proteína como LD em vários estados diferentes de dobramento, assim como mostrar que qualquer príon potencial causa uma cascata de dobramento anômalo quando adicionado a um tudo de ensaio de proteínas. Para a pesquisa, que tinha como foco principal o uso de leveduras na investigação de príons, estes experimentos não foram realizados.

Fontes: scienceinschoolscientificamericannature/ 
Artigo: “Arabidopsis thaliana: Uma pequena planta um grande papel” de Delatorres &  Alves da Silva
Imagens: Reprodução/ devbiothe-scientist/ tuebingen/