Fezes que valem milhões de dólares? Depois de ler isso, você nunca mais verá seu cocô da mesma maneira

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Vivemos num mundo fantástico onde até aquilo que pensamos não servir mais para nada, pode, na verdade, ter grande utilidade. Como diria Lavoisier, na natureza nada se cria, nada se perde. Tudo se transforma. E quando a inteligência e criatividade humanas aproveitam-se desses processos naturais em favor próprio, este “tudo” pode se estender a coisas até então inimagináveis. Até mesmo  a ele: (eca!) o cocô! Você pode até achar graça, mas se você ainda pensa que a serventia máxima desse tipo de “material” ocorre na forma de fertilizantes, um aviso: não subestime suas fezes!

RAÇÃO PARA ANIMAIS

Que cães comem cocô de vez em quando, todo mundo sabe, não é? Mas e se você soubesse que o frango ou o peixe que está no seu prato teve uma alimentação deste tipo, você comeria? Pois é melhor ir se acostumando com a ideia. Uma fundação britânica que tem como propósito não somente auxiliar comunidades carentes de saneamento básico como ainda gerar renda com os dejetos,  desenvolveu uma ração à base de um composto altamente proteico produzido a partir da degradação de fezes por larvas de moscas soldado negras.  A viabilidade do consumo de animais alimentados dessa forma ainda está sendo testada.

COMBUSTÍVEL

De Ônibus?

Você já imaginou um ônibus movido a cocô? Pois não precisa. Ele já existe. Batizado de “Bio-Bus”, ele pertence a frota britânica FirstGroup e com o material “descarregado” por 5 pessoas no período de um ano, ele consegue andar até 300 quilômetros. Isso é possível graças a separação do biometano das fezes. Diferentemente do metano comum, que ainda é extraído do solo associado ao petróleo, o do Bio-Bus é um dos produtos da degradação de matéria orgânica por bactérias anaeróbias, aquelas cujo metabolismo não necessita  da presença de oxigênio. Até o momento, só existe um veículo deste tipo. Mas se tudo der certo, não somente haverá outros, como isto ainda poderá revolucionar o mercado de combustíveis.

De Foguete?

Enquanto isso, no espaço, o mesmo princípio poderá ser empregado para transformar os 290 litros de biometano “eliminados” pelos astronautas,  em combustível suficiente para a viagem de volta ao nosso planeta. Isso não somente poupará os combustíveis até então utilizados, como livrará também os astronautas de certas situações no mínimo inusitadas que ainda acontecem no espaço, quando as fezes depositadas em sacolas simplesmente flutuam entre eles, por conta da falta de gravidade. Credo!

Além disso, vale lembrar que um dos empecilhos que fez a NASA engavetar seus planos de instalação de estações lunares e bases interplanetárias seria a radiação cósmica, que aumenta o risco de câncer em 3%. No entanto, alguns cientistas continuam investindo nessa ideia, apostando, para isso, em  um tipo de revestimento para paredes de ônibus espaciais feito  a base de água, comida e….fezes!

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Dr. Pratap ao lado do dispositivo que transforma fezes em biocombustível.

MINA DE OURO

E por essa você não esperava! Depois que um grupo de pesquisadores americanos achou ouro, platina, prata e outros metais preciosos no esgoto, em meio a dejetos humanos, outros estudos foram feitos e agora estima-se que os resíduos eliminados por um milhão de americanos poderiam render até 13 milhões de dólares!

A explicação para isto está no fato de que os dejetos que formam o esgoto provêm de várias origens diferentes. Estes metais encontrados, por sua vez, também estão presentes em uma série de produtos que utilizamos em nosso dia-a-dia, desde produtos de limpeza, cosméticos e até roupas, o que faria de um esgoto comum uma verdadeira mina de ouro flutuante.  Mas calma! Não vá sair por aí revirando esterco em busca do tesouro, hein? Nem mesmo os pesquisadores sabem exatamente como fazer isso ainda, mas cá entre nós? Uma coisa é certa: tão logo os governos descubram como capitalizar seus esgotos, e nenhuma comunidade, por mais precária e isolada que seja, sofrerá com a falta de saneamento básico, como ainda ocorre em nossos dias.

Fontes: sciencefocus   Imagens: Reprodução/wtffacts/ sciencefocus