Nos fragmentos de conversa que ouvimos por aí, no ônibus, na escola ou na fila do banco, não são raras às vezes em que ouvimos a exclamação de alguém estupefato porque este ou aquele membro da família ou conhecido “tão moço”, teve um “derrame”, como é popularmente chamado o Acidente Vascular Cerebral, ou, simplesmente, AVC. Mas acredite: não são fatos isolados. Se antes essa possibilidade assombrava apenas as pessoas mais idosas, o aumento gritante da taxa de incidência entre jovens tem preocupado a comunidade médica e a população em geral.
Uma pesquisa nos Estados Unidos quantificou esse aumento, e os resultados não são nada animadores. A taxa de ocorrências como essa na faixa entre 18 e 45 anos de idade sofreu um acréscimo de nada menos que 53%. Porém, mais alarmante do que isso é a ignorância demonstrada por esses indivíduos, que mesmo vivendo uma rotina incessante de estresse, má alimentação, noites mal dormidas, além de outros fatores agravantes como obesidade e vícios, fiam-se ainda a velhos paradigmas para sentirem-se totalmente seguros, sequer imaginando o risco que, efetivamente, correm.
Quer uma prova? Se você que está que lendo este texto e está dentro deste grupo experimentasse, subitamente, um ou mais sintomas como dormência, fraqueza, dor de cabeça, dificuldade para enxergar ou falar, dores no peito ou até mesmo (pasme) soluços, o que faria? Se sua resposta foi “procuraria um médico”, você é o único elemento entre cada três pessoas nessa idade que tomaria essa decisão. A grande maioria simplesmente esperaria que os sintomas desaparecessem por eles mesmos, o que para os médicos é mais que preocupante, já que TODOS estes, por mais insignificantes que aparentem ser, podem representar a iminência de um AVC.
Jennifer Reilly, por exemplo, jamais imaginou que pudesse passar por algo assim aos 27 anos, mesmo com as terríveis dores de cabeça que sentia no meio da noite, e a dormência que ia e vinha em sua mão esquerda. Foi só quando uma colega de trabalho praticamente a intimou a ir ao médico que ela descobriu que sofria de uma rara síndrome chamada Moyamoya, que dentre outras complicações, reduz o fornecimento de sangue ao cérebro, o que por si só constitui uma pré-disposição ao AVC.
“Precisamos educar o público jovem sobre os sintomas do AVC e convencê-los da urgência da situação, porque os números estão crescendo” orienta o dr. David Liebeskind, diretor do Centro Médico Ronald Reagan, Califórnia. E considerando que “urgente” é tudo aquilo que não pode ser adiado, esta tarefa constitui, certamente, um desafio aos nossos educadores. Tentar provar a uma geração que, em tese, dispõe de “toda uma vida pela frente” que, nem sempre, “temos todo o tempo do mundo”, não é, nem de longe, uma missão fácil.
Fonte: livescience/ bbc/ abc.med./ Imagens: Reprodução/ neurologista/ mulher