Estudo realizado em esqueletos antigos mostram como a agricultura modificou o corpo dos europeus

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Cientistas analisaram pela primeira vez o DNA de humanos que viveram antes, durante e depois da revolução agrícola, que ocorreu há cerca de 8,5 mil anos. Eles tinham um único objetivo bem simples: mapear mudanças genômicas dos nossos ancestrais para entender como essas modificações tiveram influência na sociedade ao decorrer dos séculos. Até o presente momento só haviam sido estudados ossos e restos físicos da história Europeia. Se formos estabelecer uma comparação, os ossos mais recentes são de 45 mil anos atrás!

Há décadas temos tentado descobrir o que aconteceu no passado“, disse Rasmus Nielse, geneticista da Universidade da Califórnia, Berkeley, nos Estados Unidos, em entrevista ao The New York Times. “E agora temos um estudo que é quase uma máquina do tempo.” Nielse faz referência ao uso de DNA de esqueletos muito antigos. Partindo deles é possível identificar, além de impactos na agricultura nos humanos, a origem do genoma dos europeus atuais. Para que a pesquisa fosse realizada, e publicada na Nature, o geneticista David Reich, da Escola de Medicina de Harvard, nos EUA, juntamente com sua equipe realizaram a análise genômica de 230 europeus que viveram entre 8,5 mil e 2,3 mil anos atrás. Estabelecendo depois uma comparação desses genes com os de humanos vivos na atualidade.

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A pesquisa indica que antes da revolução agrícola, a Europa tinha em sua composição uma população de caçadores e coletores. Isso se transformou com a chegada de um outro povo, cujo o DNA lembra o das pessoas do Oriente Médio, indicando que eles trouxeram novas técnicas de agricultura ao chegar à região. Se valendo da pesquisa, foi possível desmentir boatos que corriam há muito tempo, como o que cita que os europeus passam a consumir leite a partir do momento que iniciaram a criação de gado, por exemplo. Segundo Reich, o gene LCT, ligado a digestão do leite, claramente se tornou mais comum do que antes na Europa após a introdução da agricultura, mas só começou a aparecer mais frequentemente há 4 mil anos.

O estudo permitiu aos pesquisadores mapear as mudanças na cor da pele da população Europeia. Há 9 mil anos os caçadores e coletores que viviam lá tinha origem africana, possuindo pele escura.  Já os agricultores que chegaram à região tinham a pele mais clara, o que se reforçou com um gene variante que nasceu anos depois.

Após todos esses fatos, os pesquisadores revelaram que após o aparecimento da agricultura, os europeus ficaram menores de tamanho, principalmente ao sul do continente.

Fonte: revistagalileu/theguardian  Imagens: revistagalileu / oregonlive