“Amor não mata, mas a falta dele, sim”. Filosofia de rede social ou verdade científica?

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Se você já assistiu “Náufrago”, certamente se recorda do drama de Chuck Noland, personagem vivido por Tom Hanks. Num dado momento de seu isolamento forçado, a necessidade de comunicação com um ser visível tornou-se tão imperativa que, lançando mão de um objeto aparentemente insignificante como uma bola, dando-lhe um rosto e o nome de “Wilson”, Noland estabelece ali uma espécie de “relação” que, por menos usual que nos pareça, representou um verdadeiro remédio para a sua solidão. E a expressão “remédio” aqui, definitivamente,  não é uma mera figura de linguagem.

Repare que o desespero de Noland, em plena ilha deserta, não limitou-se apenas a necessidade de suprimentos, mas estendeu-se a companhia tangível de outro ser. Isso só mostra que a nossa busca por relações sociais vai muito além do “quero ter alguém com quem conversar”. Ela está baseada em nosso próprio instinto de sobrevivência, no senso que temos de preservação da vida. Em suma, se você não experimentou isso por vivência individual, a ciência já está comprovando que sim: solidão mata mesmo!

Diversos estudos realizados em diferentes universidades americanas não só correlacionaram a falta de amigos a diversos problemas de saúde, como disfunções hormonais, obesidade, inflamações, pressão alta, até episódios de AVC e doenças mais sérias como câncer, como também equacionaram a importância que isso tem em diferentes fases da vida. E concluíram que, enquanto para adolescentes o que pesa é a quantidade (não é á toa que eles parecem estar sempre em “bandos”), na idade adulta a qualidade acaba exercendo uma influência muito maior. E se você tem mais de 30 anos, basta pensar: quantos amigos (eu disse AMIGOS) da época de escola você mantém ainda hoje?

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De acordo com as pesquisas, o isolamento social traz consigo um pacote de complicações que antecipam o risco de morte em 30%. Esses dados, por eles mesmos, já nos fazem repensar uma série de aspectos importantes. No caso dos adolescentes, a prática do hoje tão comentado bullying e outras formas de exclusão têm aumentado consideravelmente o índice de depressão nessa faixa etária, chegando, em casos mais extremos, a suicídios (como no caso da história de Jeremy, contada na famosa música do Pearl Jam) e até crimes hediondos, como o massacre de Columbine, retratado pelo diretor Gus Van Saint no filme “Elephant”.

Já no mundo dos adultos, constatou-se que pelo menos 20% deles sequer tem um único amigo com quem possa dividir as angústias do cotidiano. E a vida costuma cobrar um preço alto por todo esse lixo interior acumulado. Na era das redes sociais, o que ainda nos impede de aprofundar nossos laços? Essa necessidade de afeto está longe de ser privilégio de nossa espécie. Em cada caso de um cachorro que fica amigo de um gato, da vaca que fica amiga do porco, ou do macaco que fica amigo de uma coelha, a natureza está apenas nos mostrando que os elos que nos unem são mais fortes que qualquer diferença que aparentemente nos separe. E que todo e qualquer peso fica bem menor quando compartilhado.

Fontes: super.abril/hypescience/brasilpost       Imagens: Reprodução/guiadasemana/unidospelavida