Alguém ainda se lembra do desastre ecológico de Mariana? Rejeitos da Samarco podem ter chegado a abrolhos

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Qualquer um que já tenha se sentido “enganado” pela previsão do tempo conhece bem a imprevisibilidade da natureza. De quem é a culpa? Do jornal que não é confiável? Dos meteorologistas, que erraram os cálculos? Talvez. Mas, um fato inquestionável é que cada evento natural envolve um número tão grande de variáveis, que uma única incógnita em nossas equações pode representar um resultado final totalmente inesperado.

Quando a “bomba” estourou em Minas Gerais mesmo, e toda aquela lama da Samarco tomou o lugar que antes era do Rio Doce, muito ainda poderia ter sido feito para evitar algo que, até então, era “apenas” uma possibilidade. No entanto, “alguém”, ignorando todos os antecedentes, preferiu confiar nas previsões. A lama, após alcançar o mar, supostamente seria levada pelas correntes para o sul, passando bem longe do litoral brasileiro. Pelo menos, era o que se esperava.

Acontece que os ventos mudaram. Para uma direção totalmente oposta, ao norte. E embora há pouco mais de um mês a ministra do Meio Ambiente Izabella Teixeira tenha afirmado, sem sombra de dúvidas, que a lama da Samarco não chegaria a Abrolhos, litoral baiano, inauguramos 2016 com uma enorme mancha no arquipélago, sobre a qual a presidente do Ibama, Marilene Ramos, demonstra a mesma certeza ao afirmar que a origem dela é a lama de rejeitos da Samarco.

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As amostras retiradas do local ainda estão em fase de testes.  Mas, se isto for verdade, qualquer uma das previsões é igualmente alarmante, fazendo-nos torcer para que, desta vez, estejamos mesmo completamente errados. Abrolhos é nada menos que o parque marinho mais importante do Brasil. Seus mais de 90 mil hectares tomados pela maior biodiversidade de corais no Oceano Atlântico elevam sua importância a nível mundial.  Acontece que, numa análise bem primária, o efeito imediato dessa catástrofe seria justamente a perda desse patrimônio natural.

“É como se eu cobrisse a Mata Atlântica ou a Amazônia com uma fumaça que dificultasse a realização de fotossíntese., explica Cláudio Maretti, presidente da ICMbio. E não precisa ser ecologista para saber o que isso representa. Qualquer estudante iniciante de biologia sabe: se você quer destruir um ecossistema, elimine a fonte de alimentação dos produtores, e todos os demais seres que deles dependem serão irremediavelmente afetados, num efeito dominó que atravessará todos os níveis tróficos, passando, no caso de Abrolhos, pelas mais de 1300 espécies que habitam o local, dentre algas, peixes e aves pescadoras.

E até onde isso pode chegar? Alguém se sente à vontade para uma previsão exata? O que se pode afirmar, taxativamente, é que a tragédia de Mariana já é considerada o maior desastre ambiental do Brasil. E a despeito de qualquer falha na cobertura da mídia, não se iluda. Essa história ainda está rolando. E pelo visto, está bem longe de terminar.

Fontes: viajeaqui/epoca   Imagens: Reprodução/ atarde_uol/marsemfim