Muito legal: Corvos levam presentinhos para garotinha que os alimenta

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Gabi, uma criança de oito anos de idade, alimentava regularmente os corvos em seu jardim. Para sua surpresa, as aves começaram a trazer diversos objetos em forma de presentes como troca. Os presentes de Gabi que foram ganhos dos corvos já completam uma coleção de vários objetos, incluindo botões, clipes, parafusos e brincos.

Surpreendentemente, essa habilidade no grupo de corvos é amplamente estudada pelos cientistas. Uma pesquisa realizada na Rússia com 52 aves da família Corvidae, utilizando iscas de alimentos, evidenciou  que essas aves são dotadas de uma elevada capacidade de raciocínio em situações  de grande complexidade.

Outro estudo, curiosamente adotou um experimento com corvos utilizando ferramentas e proporcionando dificuldades para as aves na obtenção de comida. Os resultados evidenciaram uma brilhante habilidade cognitiva dos corvos que podem ser comparadas a habilidade de gorilas e orangotangos.

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Foto: bbc

 Diante das habilidades cognitivas complexas das aves da família Corvidae, vários cientista vêm postulando a hipótese de inteligência social em virtude das exigências de vida em grupo e das pressões ecológicas inerentes à extração, armazenamento de alimentos. Esses dados são confirmados estudos realizados por John M. Marzluff, especialista no assunto de comportamento de corvos. Seu grupo investigou a habilidade de sobrevivência na espécie de corvos Corvus Corax, na exploração de recursos alimentares na Groelândia. Os resultados demostraram uma redução da população de corvos coincidindo com a diminuição da população local. Assim, é possível concluir que as condições humanas podem gerar efeitos sobre o comportamento de corvos que estão adaptadas a convivência com os humanos, considerando que a urbanização se configura em uma pressão ecológica para essa espécie de aves.

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Os presentes de Gabi que foram ganhos dos corvos já completam uma coleção de vários objetos, incluindo botões, clipes, parafusos e brincos. Foto: uol
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O aparato experimental consiste de uma ferramenta funcional em uma caixa, de uma pedra na segunda caixa e de uma ferramenta não-funcional na frente de ambas as caixas,  um buraco de 15 centímetros de profundidade horizontal em que a carne foi colocada. A distância entre o furo e as caixas de ferramentas foi de 1,75 m. Todos os 7 corvos utilizados no experimento foram capazes de extrair o alimento, apesar do grau de dificuldade em obter a ferramenta que estava atrás das grades utilizando a ferramenta não-funcional (de comprimento menor). Foto: TAYLOR, A. H. et. al,
Fonte: ncbi, orange e gradworks.  MARZLUFF, John M.; NEATHERLIN, Erik. Corvid response to human settlements and campgrounds: causes, consequences, and challenges for conservation.  RESTANI, Marco; MARZLUFF, John M.; YATES, Richard E. Effects of anthropogenic food sources on movements, survivorship, and sociality of common ravens in the arctic. TAYLOR, Alex H. et al. Spontaneous metatool use by New Caledonian crows.  Este texto é de autoria da Bióloga Ceila Cintra.