Como um cadáver é identificado pelos dentes?

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“Como os médicos legistas identificam a pessoa pela arcada dentária?” (Aurélio Borges)

Aurélio, geralmente, nos casos de acidentes aéreos, incêndios e outros eventos onde o corpo não pode ser identificado com segurança por estarem carbonizados, mutilados ou irreconhecíveis, recorre-se a identificação do indivíduo pela arcada dentária.

Dependendo da causa mortis da vítima, o processo de decomposição do corpo  pode ser acelerado ou retardado. Por exemplo, se um corpo é encontrado numa vala e desenterrado, a ação dos microrganismos decompositores depende do tipo de solo, temperatura, umidade, etc. No caso de acidentes com explosões e fogo, o corpo é consumido pelo calor e é remota a colheita de material para exames de DNA e impressões digitais. Mesmo assim, independente da variável, os órgãos mais resistente do nosso corpo são nossos dentes. Precisa-se de uma temperatura acima de 800 ºC para causar-lhe algum dano irreversível. E ainda: neles podem ser encontrados resquícios de material genético preservado, o qual poderá ser utilizado, apesar do custo alto, na identificação da vítima.

Enfim, quando um corpo é encontrado em um estado que não permite a identificação segura, é comum recorrerem aos dentes para a identificação. Então, quando existe uma suspeita de quem seja o cadáver, o profissional de Odontologia Legal entra em contato com o cirurgião-dentista da vítima e recolhe informações de procedimentos e malformações, além de radiografias do paciente. Em todos os casos, o cirurgião-dentista atua junto ao odontolegista. Os dois cumprem um relevante papel a sociedade e à Justiça quando responsáveis pela identificação do corpo da vítima. Depois de colher os dados, o odontolegista faz uma biometria computadorizada – uma comparação sobreposta entre posições e características de cada dente, nestas incluem-se restaurações, extrações, cáries, detalhes de desgaste, próteses, tudo que é importante para o processo. Tudo é devidamente comparado com a ficha dentária da suposta vítima. Quando acontece um acidente aéreo, por exemplo, os responsáveis já recolhem os prontuários odontológicos de todos os passageiros possíveis e em muitos casos nem é necessário fazer exame de DNA.

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quando existe uma suspeita de quem seja o cadáver, o profissional de Odontologia Legal entra em contato com o cirurgião-dentista da vítima e recolhe informações de procedimentos e malformações, além de radiografias do paciente. Foto: ipsoaxaca

É indiscutível a importância de um prontuário odontológico completo, atualizado e preciso para uma identificação correta. Não se sabe quando será preciso a cooperação desses documentos numa autópsia e consequentemente, num reconhecimento de um cadáver. Atualmente, para identificação de cadáveres os exames de DNA são mais comumente usados com a finalidade de comparação, diminuindo a simplicidade do processo de identificação dentária. Mas “a identificação pela arcada dentária é tão confiável quanto a feita pelo DNA”, diz o Dr. Malthus Fonseca Galvão, do IML de Brasília. A odontologia legal ou forense é um ramo não muito conhecido pela população, mais data de antes do século 19, onde vários crimes foram solucionados com a ajuda dessa área de estudo.

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Depois de colher os dados, o odontolegista faz uma biometria computadorizada – uma comparação sobreposta entre posições e características de cada dente, nestas incluem-se restaurações, extrações, cáries, detalhes de desgaste, próteses, tudo que é importante para o processo. Tudo é devidamente comparado com a ficha dentária da suposta vítima. Foto: andina

Fonte: anamtderechoycambiosocialricardohenrique