Sincronia menstrual: Estudos dizem que mulheres que vivem juntas, tendem a menstruar na mesma época

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É provável que as mulheres possam se recordar de um fato curioso em que ouviram comentários sobre o ciclo menstrual se coincidindo com o de uma colega ou de um familiar, com os quais conviveram durante algum tempo. Curiosamente, desde a década de 1970, esse instigante evento, mais conhecido no mundo científico como Sincronia Menstrual, vem sendo estudado por vários pesquisadores.

O fenômeno da sincronia menstrual foi demonstrado pela primeira vez em um artigo publicado em 1971 por Martha McClintock. O estudo foi baseado na observação de mulheres na faixa etária entre 17-22 anos que moravam juntas em um dormitório da faculdade. Os resultados demonstraram que ao longo de um período de 4-6 meses, o ciclo menstrual das estudantes passou a coincidir-se. Mais tarde, vários pesquisadores passaram a reproduzir os experimentos de McClintock em seres humanos e outros animais, mas não encontraram nenhuma evidência para a sincronização. Além disso, os achados de McClintock foram severamente criticados e, a existência do fenômeno da sincronia menstrual, foi colocado em dúvida.

Contudo, a atraente ideia sobre um misterioso sistema de comunicação hormonal entre as mulheres motivou Martha a continuar suas pesquisas. Em 1998 publicou outro artigo evidenciando a existência de feromônios humanos em glândulas sudoríparas (produtoras do suor). Os feromônios são substâncias bioquímicas que agem como sinais capazes de modular a comunicação entre indivíduos da mesma espécie.

Além das glândulas sudoríparas, outros estudos posteriores também levantaram a hipótese da presença de feromônios na pele humana, mais precisamente em queratinócitos (células da epiderme), que após descamação, se dispersam no ar, passando de uma pessoa para a outra. Há também especulações sobre a possibilidade de secreções de glândulas sebáceas localizadas na região da boca, conterem feromônios.

Um estudo de revisão também sugeriu que substâncias químicas produzidas pela axila funcionariam como feromônios em seres humanos. Ainda, o órgão olfatório denominado de vomeronasal (entre o nariz e a boca) é apontado como o possível candidato, responsável pela percepção dos feromônios em humanos, considerando que em mamíferos, tal mecanismo é muito comum.

Embora a opinião dos cientistas seja controversa, os estudos de Martha McClintok e a explicação dos feromônios ofereceram uma razão para a existência da sincronia menstrual, além de ter despertado a curiosidade de pesquisadores sobre uma possível vantagem adaptativa inerente a reprodução humana.

 

Fonte: DALACQUA, M.; BARROS, M. D.. Feromonios humanos. Arq. Méd. Hosp. Fac. Cienc. Méd. Santa Casa São Paulo. CCLINTOCK, M. K. Menstrual synchrony and suppression. Nature.  STERN, K.; MCCLINTOCK, M. K. Regulation of ovulation by human pheromones. Nature. STRASSMANN, Beverly I. Menstrual synchrony pheromones: cause for doubt. Human Reproduction.  Este texto é de autoria da Bióloga Ceila Cintra.