Parto natural? Apendicite? Crise renal? Dor de dente? Poderíamos listar aqui o que seriam consideradas para as pessoas a pior dor que o corpo humano pode sentir e, provavelmente, poucas pessoas acertariam de qual se trata.
Médicos revelaram que o sofrimento mais cruel que o corpo humano pode sentir é causado por uma doença pouco conhecida: a neuralgia do trigêmeo – distúrbio do nervo responsável pelos movimentos da face. O nome estranho se deve às três ramificações desse nervo: oftálmica, maxilar e mandibular.
A dor surge quando nervo trigêmeo é tocado por uma artéria, ou seja, ela encosta no nervo, fazendo com que ele não funcione corretamente e provoque uma sensação de choque, que pode se espalhar por várias partes do rosto, como testa, olhos, nariz e boca. Até mesmo um simples ato de barbear e pentear os cabelos pode desencadear a dor. Segundo o neurologista Luiz Roberto, professor da PUC Minas, quando a pessoa tem o problema, a dor pode vir centenas de vezes num dia. Então, o indivíduo sofre tanto pela dor quanto pela expectativa da dor. É um sofrimento tão cruel que, no passado, quando não haviam recursos para o seu alívio, as pessoas até se suicidavam por causa da dor, porque o sofrimento era muito grande e não existia tratamento.
De acordo com o neurologista, o problema pode acometer pessoas de qualquer idade. No entanto, as pessoas acima de 50 anos estão mais suscetíveis, pois à medida em que o ser humano envelhece, as artérias fininhas que passam perto do nervo vão enrijecendo e criando uma espécie de alça, o que aumenta as chances de tocá-lo. Quando há o contato, é muito comum irritar as fibras sensitivas, e, consequentemente, provocar a insuportável dor.
Felizmente, hoje há um tratamento medicamentoso que pode ser prescrito por um neurologista. A alternativa mais eficaz são medicamentos para convulsão e epilepsia. Eles praticamente interrompem a dor, se forem tomados regularmente. Às vezes, é preciso ingerir duas ou até três vezes ao dia. É raro a pessoa parar de tomar o remédio e não sentir mais dores. Mas quando o medicamento não resolve, não tem jeito, é preciso fazer uma cirurgia.
