Manteiga não faz mal: 40 anos depois da condenação, cientistas concluem que ela é inocente!

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Há um tempo, mais precisamente nos anos 50, os médicos em geral chegaram a um consenso que ingerir muita gordura saturada faz mal ao coração. E por anos foi feita a recomendação para trocar a manteiga pelos óleos vegetais. Tal afirmação tinha base, já que gordura saturada faz subir o colesterol e consequentemente resultaria em uma doença do coração. Então nada de gordura saturada, fazendo com que o consumo de óleo de soja, de milho, de girassol aumentasse.

O que acaba de ser descoberto por um grupo de pesquisadores americanos são informações de uma pesquisa, que foi ignorada na época. Eles descobriram que essa pesquisa feita há mais de 40 anos releva algo: trocar a manteiga por óleos vegetais na verdade aumenta o risco de doenças cardíacas.

Esta pesquisa foi realizada nos EUA, no estado de Minnesota entre 1968 e 1973, envolvendo 9.423 pacientes, que foram acompanhados por anos. Alguns dos pacientes trocaram a manteiga pelo óleo vegetal e outros continuaram com os mesmos hábitos. Mesmo o estudo sendo o maior do gênero já feito no mundo, os dados nunca foram totalmente analisados e publicados. Porém ficaram guardados no porão da casa da família do pesquisador médico Ivan Frantz Jr., da Universidade de Minnesota, que morreu em 2009.

Christopher Ramsden, um cientista do National Institutes of Health, o principal órgão federal de pesquisa médica dos EUA foi atrás da pesquisa e recebeu os resultados das mãos do filho de Frantz. Ramsden analisou os resultados por meses e segundo a pesquisa, o colesterol realmente cai em média 14% quando é feita a troca da manteiga por óleos vegetais, mas essa redução do colesterol não foi sinônimo de menos mortes por doença cardíaca. Pelo contrário: o grupo que preferiu óleo de soja, milho e girassol teve uma chance 15% maior de morrer do coração.

Não podia esperar outra coisa, Ramsden e sua equipe estão agora sofrendo várias críticas de cientistas que questionam a validade do estudo de Minnesota, afinal, o consenso continua de pé, tantos anos depois. Porém a surpresa não foi tão grande assim.  Já se sabia que a relação entre dieta, metabolismo do colesterol e doença cardíaca era mais complexa do que afirmavam em 1950.

Quem está vindo como vilão dessa vez é o ácido linoleico, presente em grandes quantidades em vários óleos vegetais, que é muito rico em ômega-6. O corpo humano precisa de equilíbrio entre o ômega-3, que é encontrado em peixes, nozes e em sementes como a linhaça e a chia. E o ômega-6. Grandes quantidades de ômega-6 levam a inflamações, que é um fator de risco para várias doenças, inclusive do coração, mesmo quando o colesterol é baixo. Óleos vegetais pobres em ácido linoleico, como o azeite de oliva e o óleo de coco, não representam perigo.

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Sobre o estudo de 1970, ninguém sabe ao certo porque ele foi deixado de lado. Acredita-se que o consenso entre os médicos dos anos 50 foi tão forte, que quando leram a pesquisa de 70, decidiram duvidar da pesquisa e não do consenso.

O consumo de óleos vegetais só cresce e é encontrado principalmente em comidas industrializadas, como batatas fritas, sobremesas, pizzas congeladas, molhos de salada. E realmente esse crescimento veio acompanhado de uma piora na saúde cardíaca do mundo ocidental.

Fica a lição das limitações do conhecimento científico. É interessante sempre ter em mente que as verdades da ciência são sempre provisórias e que certezas precisam ser constantemente revistas e questionadas. Porque não refletir nisso, enquanto frita um ovinho na manteiga?

O artigo conclusivo foi publicado no The British Medical Journal.

Fonte: super.abril /
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Imagens: Reprodução/ dietapordieta / youtube