Por que não existem raças humanas? Entenda porque a cor da pele não diz nada a respeito de nossa espécie

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“Muito se fala em raça de cães e é notório as diferenças entre elas, porém todos fazem parte da mesma espécie. Agora por uma questão social mal se fala em raça de ser humano. No ponto de vista científico o ser humano tem raça?” (Stefany Lopes)

Stefany, essa é uma ótima e complexa questão. Primeiro vamos definir o que entendemos por raça. Raça é um conceito utilizado para classificar, de acordo com diversos critérios, populações de uma mesma espécie, considerando suas características físicas e genéticas. Esse termo, que na Biologia é utilizado para classificar grupos de espécies de cães, gado e plantas (subespécies), também é utilizado genericamente para se referir as divisões arbitrárias dos grupos humanos, determinadas por características físicas hereditárias como a cor da pele, a cor dos olhos, o formato da cabeça, dentre outras. No entanto, existe mesmo uma raça humana? A resposta é não… e eu já explico o porquê!

O conceito de raça, na verdade, trata-se de uma invenção social e cultural, não tendo validade para a espécie humana. Isso porque todas as raças (caucasianos, negros e asiáticos) pertencem a uma mesma espécie, o Homo sapiens, sendo as variações genéticas entre si (que definem a cor da pele, o tipo de cabelo, etc.), muito pequenas para separar a espécie em subgrupos, tais como ocorre com outros animais. Em termos de diferenças genéticas, dependendo do gene em questão, uma determinada população caucasiana (branca) terá maiores aproximações com uma população sul-americana ou africana, do que com outras populações caucasianas, por exemplo.

As diferenças na pele, basicamente, se devem a fatores evolutivos. Tratam-se então de adaptações pelas quais o homem passou, ao longo de sua curta existência na face da Terra, de forma a sobreviver aos mais variados ambientes. O fato do ser humano surgir apenas muito recentemente na história da Terra também corrobora para a inexistência de outras raças na espécie: houve muito pouco tempo para haver qualquer tipo de especiação. Além disso, os padrões de migração humana são intensos, o que não permitiu um isolamento geográfico eficaz para que tal especiação ocorresse.

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Desenho ilustrando as supostas cinco raças básicas. Lembrando que, naquele tempo, os teóricos raciais nunca chegaram a um consenso acerca da quantidade de raças que existiria.

O conceito de raça, então, é algo social, e não biológico. Estudos genéticos recentes demonstram que a diferença genética entre todos os indivíduos do mundo é minúscula! No entanto, esse discurso social é um fator preponderante e agravante de preconceitos. O racismo é histórico, e o conceito de raça contribui muitas vezes para manter a segregação de pessoas por características físicas. Nesse sentido, ao longo da história, vimos tristes episódios como o darwinismo social e a eugenia, que tentaram justificar o preconceito existente na sociedade, colocando algumas raças como inferiores socialmente, intelectualmente, etc. (leia: “A ciência a serviço do mal: o aprimoramento da espécie humana por meio da seleção social).

Criar um conceito de raça pura, superior ou mais inteligente é algo que, além de incoerente, é totalmente absurdo! Nós brasileiros, por exemplo, somos formados pela mistura de várias raças, possuindo uma grande diversidade genética e cultural. Da mesma forma, cada indivíduo no mundo é único, possuindo características próprias que não fundamentam inferiorizá-lo. Portanto, vamos deixar as divisões de raças para os cachorrinhos fofos e reforçar uma a noção muito mais importante: a de humanidade.

Fontes: coladaweb/ significados/ brasil247/ mdig/ noticias.uol/ respeitareserhumano Artigo/ Dissert.: Os discursos sobre… / “Raças humanas” e raças biológicas em…