Gostar e pensar em sexo é um comportamento absolutamente normal e saudável. Quando uma pessoa tem um acentuado apetite sexual, mas, mesmo assim, tem o controle de sua vida, honra seus compromissos e está feliz, pode ser considerada normal. Pesquisas dizem que o homem pensa em sexo, em média, 35 vezes ao dia. Já a mulher, cerca de 20 vezes. Imagine, agora, quando o pensamento extrapola e não é mais um desejo e sim uma obsessão, desde o despertar até o adormecer. Essa pessoa pode sim ser clinicamente doente de acordo com o Marco Scanavino, responsável pelo Ambulatório de Impulso Sexual Excessivo do Instituto de Psiquiatria (IPq) do Hospital das Clínicas da USP.
Scanavino conta que a Associação de Psiquiatria Americana (APA) alterou o nome do transtorno de “impulso sexual excessivo” para “Transtorno Hipersexual”. “Para ser considerado portador deste transtorno, a pessoa terá de ter pensado muito em sexo nos últimos seis meses, ter tido muitos impulsos sexuais ou ter se comportado com relação ao sexo de maneira que o ato tenha trazido algum tipo de sofrimento para ela”, explica.
Daí, já se pode imaginar que o Transtorno Hipersexual não é uma coisa de fato prazerosa para o portador e sim, uma doença comportamental psiquiátrica que precisa de ajuda médica. Contudo, é uma patologia silenciosa e pouco abordada em função da vergonha que sentem os que são afetados por ela, o que torna o diagnóstico e o tratamento ainda mais difíceis.
A sexóloga e médica Jaqueline Brendler, especialista em transtornos sexuais conta que nesse quadro clínico, a pessoa persistente e recorrentemente envolve-se ou apresenta preocupação com intensas fantasias ou comportamentos sexuais que levam a consequências negativas, com dificuldade em controlar o tempo investido nessas atividades. “O doente apresenta angústia pessoal e prejuízo em algumas áreas importantes da vida, sobretudo em seus relacionamentos amorosos. Em outras palavras, a sexualidade se torna o centro da vida da pessoa, causando sofrimento pessoal e consequências negativas”, explica a sexóloga.
O diagnóstico é feito no consultório médico pelos relatos do próprio paciente. O tratamento inclui medicação e terapia.
Lesão na cabeça
Curiosamente, o Transtorno Hipersexual pode surgir após uma lesão – cerebral – diencefálica e/ou do lobo medial-basal-frontal. Foi o que sugeriu um estudo publicado no Journal Neurology, Neurosurgery & Psychiatry onde os médicos estudaram casos de quatro pacientes que desenvolveram compulsão por sexo depois de ter sofrido acidentes com lesões na cabeça.
Fonte: clicrbs/ estadao/ Artigo: Hypersexuality or altered sexual... Imagens: Reprodução/ bohemianstardust/ starguideswilderness