Especialista finalmente determina exatamente do que é feito nosso cocô

Quando se fala em “transplante fecal” grande parte das pessoas faz cara de nojo e muitos assumem que nunca fariam um procedimento desses. Mas a verdade é que os transplantes fezes de uma pessoa para outra é um tratamento cada vez mais popular para uma série de doenças. Os especialistas comemoram os bons resultados do tratamento, mas não sabem ao certo porque é tão benéfico receber fezes de um doador. Assim, um novo estudo deu uma luz sobre exatamente do que é feito nosso cocô, na esperança de descobrir como funcionam os transplantes de fezes.

O biólogo Seth Bordenstein da Vanderbilt University diz que a prática de transplantar fezes se tornou uma “febre”. “Até 2010 menos de 10 artigos científicos sobre transplantes fecais foram catalogadas a cada ano pelo banco de dados do PubMed , mas em 2015 esse número já tinha aumentado para cerca de 200 estudos”, explicou. O especialista diz que o interesse científico pelos transplantes fecais, se dá devido ao tratamento de uma diarreia infecciosa e perigosa, causada pela bactéria Clostridium difficile que às vezes não responde aos tratamentos com antibióticos. Além disso, pacientes de esclerose múltipla, doença de Crohn, síndrome do intestino irritável e doença de Parkinson, também costumam utilizar este tipo de procedimento para amenizar seus sintomas.

Por causa disso, surgiu o interesse de estudar a composição exata das fezes que circulam diariamente no nosso intestino. “As fezes é um material complexo, que contém uma variedade de entidades biológicas e químicas que podem estar incentivando esses transplantes“, explica Bordenstein.

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[A] gráfico mostra o aumento nos registros de transplantes de fezes de 2006 a 2015. [B] quantidade de cada elemento biológico encontrado nas fezes de uma pessoa saudável.
Cada grama de fezes de uma pessoa saudável carrega cerca de 100 bilhões de bactérias, além disso contém aproximadamente 100 milhões de vírus e archaea (um tipo de organismo unicelular que antes eram classificadas como bactérias). Não para por aí, ainda 1 grama de cocô contém cerca de 10 milhões de colonócitos (células epiteliais humanas que ajudam a proteger o cólon), além de cerca de um milhão de leveduras e outros fungos unicelulares. Juntos, todos esses microcomponentes biológicos compõem a matéria fecal, que ainda contém cerca de 75% de água e 25% sólida.

Bordenstein diz que é pouco provável que as bactérias por si só sejam responsáveis pelo sucesso dos transplantes de fezes. Para ele, os vírus, as archaeas e outros elementos também tem um papel renovador na microbiota do intestino doente. Mas ele esclarece: “As pesquisas estão apenas começando”.

Site: sciencealert/ vanderbilt
Artigo: Fecal Transplants: What Is Being Transferred?
Imagens: Reprodução/plos