“Surto” de tumor facial do diabo-da-tasmânia: O que sido tem feito para impedir a extinção da espécie

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O diabo-da-tasmânia ou demônio-da-tasmânia é um mamífero marsupial, sendo considerado o maior marsupial carnívoro que existe, podendo atingir até 76 centímetros e 12 kg. Tem hábitos noturnos e leva esse nome porque é endêmico da ilha da Tasmânia na Austrália, e o primeiro nome é por conta dos sons que ele emite. Algumas pessoas dizem parecer um demônio gritando. Realmente é bem assustador! Ter o silêncio da noite australiana cortada por um diabo-da-tasmânia não deve ser nada agradável!

Existe algo ainda mais assustador que os próprios marsupiais. Um câncer extremamente contagioso está ameaçando a continuidade da espécie, deixando-a em níveis preocupantes de indivíduos. O tumor facial do diabo-da-tasmânia, assim como é chamado, já se espalhou por toda a ilha e a maioria dos animais contagiados morrem em menos de 9 semanas. Poucos são os que resistem ao tumor. Não bastando ser bem agressivo, este tumor, diferentemente de outros tipos de câncer conhecidos de seres humanos e de mamíferos, se propaga por contato físico, e como eles são muito territorialistas e brigam constantemente por alimento e parceiros sexuais, acabam proliferando a doença continuamente. Realmente, algo bem assustador e ameaçador para o prosseguimento da espécie.

Em 1996 foi feito o primeiro registro. Os anos se passaram e a doença dizimou grande parte dos animais. Em 1996 a estimativa era de que viviam na ilha 250 mil indivíduos, e hoje vivem 10 mil. O tumor tem maior ocorrência na parte leste da ilha. Os animais atacados por ele sofrem com nódulos e lesões ao redor da boca. Com o tempo essas lesões se desenvolvem em tumores cancerígenos tomando toda a face e posteriormente o corpo. O tumor afeta a boca, com isso interfere na alimentação e o animal acaba morrendo por inanição, ou seja, morre enfraquecido por falta de alimento.

Os animais atacados pelo câncer sofrem com nódulos e lesões ao redor da boca.
Os animais atacados pelo câncer sofrem com nódulos e lesões ao redor da boca.

Cientistas então, na tentativa de descobrir a causa do câncer, sequenciaram genes do tumor e compararam com genes de outros tecidos do animal. Descobriram então que os tumores continham genes que normalmente só são encontrados em células do sistema nervoso periférico, que protegem os nervos. Foram coletadas 25 amostras do tumor de diferentes animais e observaram que todos continham células diferentes do lugar onde o tumor atacava e todos os 25 eram iguais entre si, ou seja, tinham a mesma origem. O tumor facial é originário das células de Schwann, que é um tipo de célula glial, que são células não neuronais, do sistema nervoso central que dão suporte e nutrem os neurônios.

A descoberta da origem foi um grande avanço, podendo ajudar na criação de vacinas e tratamentos. Além disso, alguns pesquisadores encontraram um grupo de indivíduos a noroeste da ilha, que apresentaram sinais de imunidade ao tumor, pois 80% dos animais infectados sobreviveram. Podendo assim criar uma vacina para o resto da espécie e ser isto a esperança para salvá-los.

Enquanto isso algumas providências estão sendo tomadas, como a criação em cativeiro e transporte dos animais saudáveis para santuários próprios, onde não correrão o risco de serem infectados por contato com indivíduos doentes, como garantia que a espécie não entre em extinção. O governo australiano está dando total apoio para que essa maravilhosa espécie continue se perpetuando por muitos e muitos anos.

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Na tentativa de descobrir a causa do câncer, pesquisadores sequenciaram genes do tumor e compararam com genes de outros tecidos do animal.

 

Fonte: uol/ bbcultimosegundo/g1.globo 
  Imagens: Reprodução/wildliferesearchlivescience/ elvikis/