Quando o papai vira mamãe: entenda as adaptações reprodutivas do peixe-palhaço, o famoso “Nemo”

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Quem nunca assistiu ao filme “Procurando Nemo”? Lançado em 2003, o filme popularizou um tipo de peixe muito bonito, pequenino e com cores vibrantes, o peixe-palhaço. Existem muitas espécies de peixe-palhaço, que vivem tipicamente em recifes de corais, mais comumente em anêmonas, em águas tropicais e subtropicais dos oceanos Índico e Pacífico. Apenas o fato do peixe-palhaço viver em uma anêmona, que é um animal do filo Cnidaria, com tentáculos que liberam substâncias urticantes, nocivas para várias outras espécies de peixe, já é algo muito interessante.

O peixe-palhaço utiliza-se da proteção da anêmona contra predadores, e inclusive, por vezes, se aproveita para obter alimento por meio dela, assim como também traz comida que é aproveitada pela anêmona, em uma relação de simbiose. Mas as curiosidades sobre o peixinho em questão vão muito além da sua capacidade de sobrevivência. Estou falando da curiosa adaptação reprodutiva, que não é mostrada no desenho, e que poucas espécies de animais possuem. Você sabia que na ausência de uma fêmea, em uma colônia de peixes-palhaço, o macho pode virar fêmea? É isso mesmo!

Na reprodução do peixe-palhaço há uma fêmea que se acasala com o peixe reprodutor, geralmente o maior macho do grupo. No caso dessa fêmea morrer, e no grupo não existir nenhuma outra fêmea, alterações hormonais farão com que o maior peixe macho existente na colônia se torne a fêmea. Dessa forma, o segundo maior peixe macho se tornaria o macho reprodutor, e acasalaria com a nova fêmea, que desova no ambiente marinho e tem seus ovos fecundados pelo esperma do “macho-alfa” do grupo. Interessante, não é mesmo? Trata-se de uma adaptação reprodutiva (e evolutiva) da espécie, que ajuda na perpetuação da espécie.

O mais desafiador para a teoria evolutiva darwinista é que, essa espécie de peixe vive em grupos com indivíduos em vários estágios de maturidade, e apenas um macho e uma fêmea mantêm a reprodução da colônia e os outros indivíduos não interferem nesse processo reprodutivo. É como se a espécie quisesse manter por precaução os outros indivíduos, para que, no caso da ausência dos reprodutores, outros pudessem assumir seu lugar. Realmente, é uma notícia chocante, para os mais ortodoxos, em relação as questões de gênero, que o pai do Nemo, na verdade, era sua mãe. Pelo jeito essa divisão binária “macho x fêmea” não é algo tão extremista na natureza dos outros animais, tal como é na humana, não é mesmo?

Fonte: ncbi/sprer/ninha.bio/  esconicamunnho/wikia/ evoemy
   Imagens: Reprodução/como-cuidar