Cientistas culpam superpopulação como a principal causa  de mudanças ambientais e extinção de espécies

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Enquanto com animais irracionais a resistência ambiental funciona muito bem, obrigado, com seres humanos a realidade é outra. Se com aqueles alguns fatores simples, como disponibilidade limitada de alimentos e competição entre indivíduos, são suficientes para manter a taxa populacional sob controle, com estes últimos essas barreiras são quase ineficazes. Falta espaço? Expandimos as cidades. O alimento é insuficiente? Buscamos novas fontes. Dessa forma, a expansão humana parece não ter limites, e hoje, já modificamos pelo menos 75% da superfície terrestre.

Tudo isso, no entanto, tem um custo. Todo esse esforço da natureza em busca da estabilidade visa apenas cumprir uma lei física já bem conhecida: dois corpos não podem ocupar um mesmo lugar no espaço. E a despeito de qualquer capacidade transformadora de nossa parte, essa regra continua valendo. Para que o ser humano ocupe um lugar, alguém que estava ali antes precisa sair. E quando se trata de meio ambiente, em que tudo está conectado, o preço pago por se retirar uma única peça do tabuleiro pode ser alto.

Essa realidade simples, porém ignorada, chamou a atenção de Laura Kehoe e Niki Rust, pesquisadoras das universidades de Humboldt, em Berlim, e de Kent, no Reino Unido, respectivamente. Em seu estudo, elas apontam para o fato de que, enquanto conservacionistas focam seus esforços em combater efeitos como o aquecimento global e a extinção de espécies, deveria haver uma preocupação ainda maior com o que elas acreditam ser a raiz de todos esses males: a superpopulação humana.

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Além das implicações já bem conhecidas dessa expansão, como o desmatamento, Laura e Niki chamam nossa atenção para outras questões ecológicas mais sutis, como, por exemplo, a taxa de emissão de carbono por indivíduo . A cada criança que uma mulher tem, o seu legado de emissão de carbono é aumentado em seis vezes.  Essa é apenas uma das estimativas apontadas por elas, que somadas às taxas anuais crescentes de aumento populacional, constituem dados suficientes para que elas afirmem de forma categórica: Nós já ultrapassamos os limites do planeta e nossas ações estão causando a mudança climática e a sexta extinção em massa.

Essa ideia não somente contraria frontalmente cientistas que tentam nos convencer de que o aquecimento global não passa de mera teoria de conspiração, como ainda nos chama a atenção para uma outra realidade, não menos importante: a de que os métodos contraceptivos aliados a uma cultura de controle de natalidade e planejamento familiar não são essenciais apenas para a espécie humana. Eles podem representar as chaves para a preservação de toda a família terráquea.

Fonte: hypescience/theconversation/   Imagens: businessinsider/parepenseuse