Para a cama já!!! Lixo químico pode destruir seu cérebro se você ficar sem dormir

Em 1965, estudante de ensino médio, Randy Gardner, então com 17 anos, permaneceu acordado por 264 horas. Foram 11 dias para saber como ele reagiria a ficar acordado. No segundo dia seus olhos não conseguiam focalizar, depois perdeu a capacidade de identificar objetos pelo tato. No terceiro dia Gardner tornou-se depressivo e descoordenado. No final da experiência tinha dificuldade de se concentrar, problemas de memória de curto prazo, ficou paranoico e tinha alucinações.

Apesar de Gardner ter se recuperado sem danos psicológicos ou físicos, de longa duração, para outros, perder o sono pode resultar em desequilíbrio hormonal, doenças e, em casos extremos, a morte.

Ficar sem dormir pode causar sérios danos ao corpo. Quando perdemos sono, a aprendizagem, a memória, o humor e o tempo de reação são afetados. A falta de dormir também pode causar inflamações, alucinações, aumento da pressão sanguínea, e até mesmo, está ligado a diabete e à obesidade.

Em 2014 um torcedor de futebol morreu depois de ficar acordado por 48 horas para assistir à Copa do Mundo. Apesar de a ‘causa mortis’ tenha sido AVC, estudos indicam que dormir menos que seis horas por noite aumenta 4,5 vezes as chances de ter um AVC em comparação com dormir durante 7-8 horas. Para algumas pessoas que tem uma rara mutação genética herdada, a ausência de sono é uma realidade diária. Essa condição é chamada ‘Insônia familiar fatal’, que coloca o corpo em um estado de vigília que é angustiante, impedindo-o de pegar no sono. Dentro de meses ou anos, esta condição, que vai se agravando, leva à demência e à morte.

Cerebro-humano

Como deixar de dormir pode provocar um sofrimento tão grande?

Pesquisadores supõem que a resposta está na acumulação de rejeitos químicos no cérebro. Quando as células consomem as fontes de energia que são degradadas em vários subprodutos, incluindo a adenosina. Conforme a adenosina se acumula, ela aumenta a vontade de dormir. A cafeína pode atuar bloqueando as vias de receptores da adenosina. Outros rejeitos químicos também são formados no cérebro, e se eles não forem removidos, o cérebro fica sobrecarregado e acredita-se que causem os sintomas negativos da falta de sono.

Os cientistas descobriram que o chamado sistema glinfático, um mecanismo de limpeza que remove o acúmulo de subprodutos e que é muito mais ativo quando dormimos. Ele usa o líquido cefalorraquidiano para eliminar os subprodutos tóxicos que se acumulam entre as células. Os vasos linfáticos, que servem como vias para as células do sistema imunológico, foram descobertos recentemente no cérebro, e é possível que também tenha um papel na limpeza dos subprodutos no cérebro.

Enquanto os cientistas exploram os mecanismos reparadores do sono, podemos ter certeza de que cair no sono é uma necessidade, se desejarmos manter nossa saúde e nossa sanidade mental.

Fontes: myscienceacademy/TED-ED   Imagens: Reprodução/dietaja/tribuna