Depois de superar desafios como o lixo jogado no mar e a pesca predatória, os biólogos achavam que seu trabalho de conservação das tartarugas era bem sucedido. Até que lama tóxica proveniente do rompimento das barragens da Samarco trouxe outro problema sério que pode interromper o ciclo de vida dos animais.
Assim que souberam que o “acidente” poderia afetar a região de desova das tartarugas, a equipe do Centro Nacional de Pesquisa e Conservação de Tartarugas Marinhas (Tamar/ICMBio) iniciou uma força tarefa para garantir que os filhotes de tartarugas marinhas não entrem em contato com o mar contaminado após saírem dos seus ninhos. Depois de traçar a estratégia, os biólogos abriram os ninhos de tartaruga-cabeçuda (Caretta caretta), para retirar de lá filhotes recém-saídos dos ovos e transportá-los para um ponto mais ao sul da praia de Regência, afastado da foz do Rio Doce. “Eles já haviam saído de dentro dos ovos. Nós percebemos e resolvemos abrir o ninho de areia”, disse a bióloga Jordana Freire, que participou da operação.
Mesmo com o mar de lama que chegou a Linhares pela foz do Rio Doce, as tartarugas continuam saindo das águas contaminadas pela lama para depositar seus ovos nas praias locais. Estes animais possivelmente, já são velhos conhecidos do projeto. De acordo com os pesquisadores, a sensação é de impotência. Eles lutam há 35 anos pela conservação das tartarugas marinhas e começavam a ver resultados positivos, de uma possível recuperação das espécies e, do dia para a noite, voltam a ter uma situação de incerteza.
Os ninhos já são depositados pelas fêmeas nas áreas secas da praia, onde a maré não banha. Mas o biólogos estão movendo porque a praia pode avançar, pode haver erosão natural. Eles preferiram fazer isso por segurança. “Nem deu tempo de chorar, só estamos trabalhando“, lamenta o coordenador nacional do Tamar, João Carlos Thomé.
Fonte: bbc/ Imagens: Reprodução/paula/bbc