Você vai ficar chocado ao saber como os interesses da indústria farmacêutica tratam a sua vida como uma mercadoria

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Malária, tuberculose, chagas, hanseníase, leishmaniose… já ouviu falar sobre essas doenças? O que elas têm em comum? Bem, primeiramente são doenças típicas de países tropicais, mas o fator crítico que as unem é que estas são negligenciadas em pesquisas desenvolvidas pela indústria farmacêutica. E porquê? Simplesmente por não serem rentáveis, já que não são problemas que acometem países ricos. Há muito tempo desconfia-se que medicamentos que poderiam curar, ou ao menos minimizar graves problemas de saúde, são ignorados pelo mercado farmacêutico, que visa lucros. Assim, pesquisas de doenças que acometem em larga escala países africanos e latino-americanos parecem ter sido deixadas de lado, interrompidas por não serem rentáveis, fazendo com que o foco das pesquisas deixem de ser político, ou seja, com foco na promoção da saúde pública. Basta lembrar da recente epidemia do vírus ebola: na África a doença existe há mais de 40 anos! E o que foi feito? Só procurou-se a vacina para o vírus quando este passou a ser um problema de países ricos, principalmente dos Estados Unidos.

Como se não fosse suficientemente grave essa questão, problemas associados a sociedade capitalista de consumo são ainda mais acentuados com o intenso marketing realizado pelas grandes empresas. Com um gasto bilionário em propaganda, observa-se que a venda do “conforto” e “felicidade” torna-se cada vez mais comum: há remédio para todas as dores, tristezas e maus imagináveis que possam acometer as pessoas na atualidade. Qualquer tristeza, torna-se depressão. Para qualquer dor há um tipo de analgésico. No ranking dos mais comprados temos os remédios que prometem resolver a impotência sexual, a depressão, inflamações e problemas cardiovasculares, mas que também causam diversos efeitos colaterais e risco eminente de intoxicações por excessos. E também, porque as indústrias resolveriam de vez um problema, se o lucro com doenças crônicas são intensos? Mais fácil criar algo que contenha o problema ao invés de solucioná-lo, não é?

Nesse caminho, além das mazelas das vias legais para a sustentação do esquema capitalista, muito ainda se desconfia do pagamento de médicos, farmacêuticos e laboratórios pelas indústrias farmacêuticas para a indicação de determinadas classes de remédios. Alguns esquemas, no mínimo “desconfiáveis”, como a escolha por médicos e/ou programas de saúde por determinados remédios patenteados, em detrimento daqueles com custo mais baixo, são uma realidade. Também é uma realidade que representantes das indústrias farmacêuticas levem “agradinhos”, brindes e até ofertas de congressos e viagens para conquistar espaço de seu produto nas receitas médicas. Proibido? Juridicamente considera-se como crime apenas situações mais “palpáveis”, ou seja, dinheiro em espécie! Dado isso, críticas a ANVISA (Agência Nacional de Vigilância Sanitária), órgão que deve regulamentar a distribuição de medicamentos, são comuns, visto que muitos esquemas permitem a “maquiagem” de embalagens, indicações terapêuticas, dentre outros meios que tornam os remédios mais caros.

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E como ocorre a corrida por lucros? Bem, nos bastidores desse cenário, compreende-se porque a indústria de remédios é tão incisiva em seus objetivos: dentre milhares de compostos pesquisados, apenas um ou outro chega de fato ao mercado. As indústrias investem bilhões em pesquisas, em um jogo arriscado, pois nem sempre lucram, já que leva-se anos realizando testes (inicialmente em animais e, posteriormente, em humanos) para produzir um único medicamento. Além disso, após 20 anos a patente do produto é quebrada, e com isso qualquer laboratório pode produzir o medicamento sem gasto algum com pesquisa. Não obstante com a chegada dos genéricos, remédios a um custo muito menor chegaram ao mercado, e a batalha pelo lucro tornou-se ainda maior. Dessa forma, o investimento em novas estratégias de marketing ampliaram-se nos últimos anos, com o intuito de vender novos medicamentos salvacionistas e, com isso, o consumo indiscriminado de remédios também aumentou consideravelmente.

Em suma, entre vantagens (dos que estão no topo do capital) e desvantagens (da saúde do consumidor), fato é que a maior certeza é que bilhões são movimentados todos os anos com a produção/venda de remédios. Ao oferecer um remédio mais barato, o farmacêutico pode não estar preocupado com seu bolso. Ao receitar um novo remédio, um médico nem sempre pensa apenas na sua saúde. E aí fica a pergunta: afinal, produz-se remédio para que e para quem? Estamos falando em saúde ou lucro? Parece que as coisas confundem-se, em uma era em que manda quem pode, e obedece quem não tem grana (ou conhecimento) para contestar isso…

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Fonte: super/esquerda/folha/camara/oglobo  Fonte: msnnoticias/ ecopag