Os sapos são seres impressionantes. Pertencente a classe Amphibia, a ordem Anura, além dos sapos, inclui rãs e pererecas. Com milhares de espécies descritas (e muitas ainda por descrever), é considerado um dos grupos de vertebrados mais diversificados. No entanto, devido às devastações ambientais dos últimos anos, vêm ocorrendo um grande declínio na diversidade dos anfíbios.
Apesar das semelhanças que unem o grupo, são bem diversos morfologicamente, podendo medir desde alguns milímetros até 40 cm. Algumas das menores espécies pertencem ao gênero Brachycephalus, que podem medir menos de 1 cm, possuem coloração vibrante variável entre suas espécies (quanto mais intensa, mais venenosa ela é) e até então contava com 21 espécies nativas. Contava… pois um novo estudo, realizado por pesquisadores da Universidade Federal do Paraná (UFPR), afirma ter descoberto 8 novas espécies do gênero em áreas montanhosas da Mata Atlântica, nas regiões de Santa Catarina e do Paraná.
Possuindo um clima único, as temperaturas dos picos montanhosos são bem mais baixas do que nos vales, mostrando-se como uma região que mantêm condições climáticas estáveis ao longo dos últimos 500 mil anos, o que assegurou a sobrevivência das espécies de Brachycephalus. Vivendo em áreas muito reduzidas, e sendo muito sensíveis ao calor, simples mudanças de temperatura de uma montanha em relação a um vale são impactantes para esse gênero, e isso permitiu que, ao longo do tempo, surgissem novas espécies, que são classificadas de acordo com a sua localização, comportamento, morfologia e com o auxílio de análises genéticas.
Pesquisadores trabalham para catalogar novas espécies do gênero de sapinhos, que dado seu tamanho, suas estratégias de proteção (se escondem de predadores) e as condições ambientais montanhosas em que vivem, são muito difíceis de achar. Para se ter uma ideia, é necessário vasculhar as folhagens no chão da floresta com as mãos e guiar-se pelos coaxos (barulho emitido pelo sapo), precisando de muita prática para conseguir encontrá-los. Além disso, os sapinhos conseguem identificar facilmente a aproximação de algum ser vivo apenas pela vibração do solo, silenciando-se para se proteger. Danadinhos, né?
Apesar das dificuldades em encontrar e descrever essas novas espécies, é de fundamental importância esse trabalho. Tanto é que a concorrência de outros pesquisadores pela busca dos bichinhos levou o grupo da UFPR a acelerar suas pesquisas e publicar rapidamente os resultados. Pois é, a corrida científica pela descoberta de espécies existe, mas o mais fundamental é que pesquisas como essas podem colaborar com políticas de conservação, que levem a ações prioritárias para evitar a extinção desses e de outros animais, pois lembre-se: a extinção de uma espécie acarreta em um desequilíbrio de muitas outras na natureza.
Fonte: folha/bbc/Anura Imagens: sci/ pericardiorrhaphy55/folha