Sensacional! Cientista afirma que em breve seres humanos serão capazes de hibernar

A hibernação é um estado letárgico pelo qual muitos animais homeotérmicos, em grande maioria de pequeno porte, passam durante o inverno, principalmente em regiões temperadas e árticas. Os animais mergulham num estado de sonolência e inatividade, em que as funções vitais do organismo são reduzidas ao absolutamente necessário à sobrevivência. A respiração quase cessa, o número de batimentos cardíacos diminui, o metabolismo, ou seja, todo o conjunto de processos bioquímicos que ocorrem no organismo, restringe-se ao mínimo.

É pensando nisso que o anestesista Dr. Rob Henning tem cogitado a possibilidade do uso da hibernação induzida em seres humanos. O procedimento seria feito a favor da medicina onde o  paciente seria submetido a procedimentos em que o batimento cardíaco mais lento, o que resultaria em um menor sangramento, e precisaria de menos oxigênio para alimentar seus órgãos. Seu sistema imunológico também não teria uma reação exagerada a lesões e outros traumas. Induzir a hibernação humana também ajudaria no tratamento e alívio dos sintomas de doenças como diabetes e Alzheimer.

O grande problema da utilização da hibernação induzida na medicina é que ainda não se entende direito como a hibernação funciona. Biólogos que estudam animais em hibernação só conseguem medir algumas funções corporais, como o ritmo cardíaco e a temperatura corporal. O mecanismo que causa a hibernação, ou seja, a forma exata como esses animais desaceleram processos essenciais em suas células, é completamente desconhecido. O estudo de Henning parte da premissa que animais que não estão em hibernação sujeitos a um frio extremo sofrem grandes danos em suas células e órgãos; animais em hibernação, por outro lado, não sofrem quase dano algum.

Para explicar o problema, ele usou um hamster como exemplo. Então, digamos, um hamster, recebe os sinais corretos para a hibernação, ou seja, o dias encurtando, escassez de comida e temperaturas em queda  e ele começa a se preparar para o processo. Ele se enche de comida ao ponto de desenvolver os mesmos sintomas de alguém sofrendo de diabetes tipo II. Depois encontra um lugar confortável e começa seu longo sono.

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Se um ser humano fica deitado por um longo período, os resultados geralmente não são bons. Na maioria das vezes o sangue começa a coagular e os músculos começam a se atrofiar. Nos hamsteres essas consequências não acontecem, apesar de demonstrarem sinais dos mesmos danos que humanos sofreriam: os pulmões passam por mudanças semelhantes à asma e o cérebro é danificado de forma semelhante a de alguém com Alzheimer. Mas quando o hamster acorda, todo esse dano desaparece sem deixar vestígio.

No entanto, o metabolismo desacelerado não era a única explicação para esse fenômeno. Tudo tinha a ver com algum fenômeno nas células do hamster que o protegessem daquele dano. Um desses processos foi acidentalmente descoberto pela equipe de Henning quando um de seus alunos esqueceu células de hamster num congelador e estas estavam vivas um semana depois. Apresentava alta concentração de sulfeto de hidrogênio, ou H2S, o que lhe dava um cheiro de ovo podre. A equipe suspeitou que a produção dessa substância poderia ter um papel maior na proteção das células. Uma enzima que estimula a produção de H2S continua ativa nas células de hibernadores quando estas são congeladas. Em não-hibernadores a enzima foi “desligada” depois de uma certa temperatura.

Para pessoas que trabalham com cultura celular, essa descoberta foi bastante revolucionária. Anteriormente as células podiam ser preservadas apenas se fossem congeladas. Esse processo danifica as células e também forma cristais de gelo que matam muitas delas. Agora as células podem ser refrigeradas em curta hibernação por alguns dias e permite que os experimentos sejam adiados para depois do final de semana, o que provavelmente foi motivo de alegria dos alunos.

hibernação humana

Os estudos já estão bem adiantados

Henning e sua equipe estão examinando esses elementos em ratos vivos que não hibernam. O rato é anestesiado e injetado com esse composto (H2S). Quando os pesquisadores resfriaram o rato, descobriram que ele foi repentinamente protegido da coagulação sanguínea, de lesões de órgãos e de outros efeitos do resfriamento.

Contudo,ainda pode demorar para vermos esse tipo de droga no mercado. O desenvolvimento foi assumido por uma empresa chamada Sulfateq, que validará o composto em não-hibernadores, como ratos, antes de aplicá-lo em testes com humanos. Mas estes estudos indicam que o ser humano poderá sim ser submetido a uma hibernação induzida e assistida e isso será um grande passo no tratamento de diversas doenças.

 

Fontes: bbcmotherboard  Imagens: bbcmotherboard/ tecmundo