Depois de transfusão de sangue, menino torna-se alérgico a alguns alimentos

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Um menino canadense misteriosamente tornou-se alérgico a peixes e nozes. A criança de oito anos de idade estava em tratamento de um tipo de câncer no cérebro, o meduloblastoma e não tinha histórico de alergia alguma a nenhum tipo de alimento. Até que, semanas depois de receber uma transfusão de sangue, ele experimentou uma reação alérgica grave chamada de anafilaxia dentro de dez minutos após ter comido salmão.  Esse fato foi relatado e publicado no dia 07 de abril pelo Canadian Medical Association Journal.

Os médicos desconfiaram que a transfusão de sangue tivesse acarretado a reação. Depois de tratar os sintomas alérgicos com anti-histamínicos, os médicos o aconselharam a evitar ingerir peixes e levar consigo um injetor de epinefrina, caso ele tivesse outra reação.

Porém, quatro dias depois, o menino foi socorrido novamente ao hospital após comer manteiga de amendoim com chocolate. Foram feitos testes cutâneos e exames de sangue que indicaram que a criança era alérgica, pelo menos temporariamente, a peixe e nozes (amendoins, castanhas, avelã, etc.).

Segundo a especialista em Imunologia Clínica e Alergias do Hospital for Sick Children, Dra. Júlia Upton, “É incomum uma reação alérgica a alimentos anteriormente tolerados, contudo na transfusão de sangue o menino deve ter recebido a proteína que desencadeia essa alergia”. A proteína responsável aos processos alérgicos, na verdade, é um anticorpo chamado de Imunoglobulina E. Este quando encontra um alérgeno específico, faz com que as células do sistema imunológico libertem substâncias químicas, como a histamina, que conduzem a uma reação alérgica.

Nessa transfusão a criança também recebeu o plasma, componente líquido do sangue que contém anticorpos. Os pesquisadores foram atrás do doador, e descobriram que o próprio tinha alergia a nozes, peixes e mariscos.

Cinco meses depois, exames de sangue mostraram que os níveis de Imunoglobulina E do pequeno canadense para peixe e nozes estavam indetectáveis; e em seis meses, com o cuidado dos pais e dos médicos, pôde reintroduzir amendoim e peixes a sua dieta.

Isso não quer dizer que transfusões de sangue não são seguras, mais que é necessária uma maior investigação para evitar casos como este, de transferência de alergias.

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Nessa transfusão a criança também recebeu o plasma, componente líquido do sangue que contém anticorpos. Os pesquisadores foram atrás do doador, e descobriram que o próprio tinha alergia a nozes, peixes e mariscos. Foto: noticias

 

Fonte: livescience