Essa mulher não sente nenhuma dor e pegou no sono enquanto dava a luz ao seu segundo filho

Marisa sofre de analgesia congênita rara. Isso quer dizer que ela já nasceu sem possibilidade de sentir dor física. O problema, que hoje afeta menos de 50  pessoas comprovadas no mundo, surge devido a mutações em um gene, que acabam por afetar  uma espécie de canal eletroquímico que liga os chamados nervos periféricos ao sistema nervoso central. Desta maneira, embora o “sinal de dor” seja emitido, nunca chega ao cérebro. Pode parecer legal à primeira vista, mas a verdade é que não sentir dor é uma condição de alto risco, uma vez que o objetivo da dor é dar um aviso ao organismo de que algo está errado. É comum que as pessoas com esse problema, sofram diversas lesões em qualquer parte do corpo. As mais importantes são as fraturas ósseas, queimaduras e lesões na cavidade oral.

O caso de Marisa Toledo, de 27 anos, não é diferente. Suas mãos são cheias de cicatrizes e bolhas. Quando criança, ela caía, se cortava e se quer chorava, apesar do machucado estar bem evidente. Sua mãe sabia que algo estava errado, mas nunca havia procurado um médico. Por isso, Marisa passou o início da infância sem saber da sua condição rara que só foi quando ela completou 7 anos de idade e quebrou o tornozelo. O pé ficou muito inchado, mas ela podia andar para todo lado sem sentir qualquer incômodo. Foi aí que o médico descobriu que ela sofria de analgesia congênita.

A moça tem três filhos, e no parto do primeiro feito por meio de uma cesariana, ela não tomou anestesia para tal e no seu segundo filho, que nasceu de parto normal, ela dormiu durante  o parto, apenas por estar cansada. Ela diz: “Quando eu dormi, acho que esqueci que tinha minha filha na barriga. E a enfermeira gritou ‘sua filha está nascendo, olha aqui!’. Metade dela já estava para fora, a cabeça e os ombros. Eu só fiz uma força para o resto dela sair.

dor1
Marisa passou parte da infância sem saber que sofria de analgesia congênita. Foto: BBC

Marisa tem tato, sente frio, mas não pode sentir dor se tiver uma queimadura em qualquer parte do corpo. Uma vez, estava sentindo frio e sentou de costas para um fogão a lenha, a sensação parecia gostosa, mas na verdade sofreu queimaduras de segundo grau e suas costas ficaram cobertas por bolhas.

Steven Pete, que também sofre com a doença e criou o website “The Facts of Painless People” (‘Os Fatos sobre as Pessoas sem Dor’, em tradução livre), mora em Washington, nos Estados Unidos. Ele afirma que a analgesia congênita é uma das doenças mais raras do mundo. “Existem apenas cerca de 40 ou 50 pessoas que têm insensibilidade congênita à dor.” Pete acha que Marisa precisa de mais cuidados médicos.

150502001405_noemi624
O parto da segunda filha, Noemi, foi normal, mas Marisa acabou pegando no sono durante o nascimento. Foto: BBC

 

Fonte: BBC