A fim de conseguir o respeito e poder reservado aos homens na Albânia, algumas mulheres albanesas decidem viver como homens. Elas mudam de nome, usam roupas e corte de cabelo masculinos e fazem voto de castidade, permanecendo virgens por toda a vida.
Conhecidas como burneshas (virgens juradas), eram muito comuns no norte da Albânia no século 15, quando as mulheres eram vistas apenas como propriedade familiar, passando da casa do pai para a do marido (em casamentos arranjados, muitas vezes com homens bem mais velhos) e a riqueza da família era sempre herdada através dos homens. As mulheres eram privadas da maioria dos direitos, dignos apenas dos homens. Trabalhar, comprar terras, votar, dirigir, usar calças, fumar, beber e possuir armas eram exclusividade masculina. Decidindo se tornar um homem, a burnesha ganha o respeito da comunidade e direito à propriedade da família.
Para se tornar burnesha, a mulher deve fazer o juramento de castidade na frente de 12 anciãos tribais. Se ela quebrasse esse juramento uma vez, era sentenciada à morte. Hoje a punição não existe mais, mas as burneshas atuais continuam mantendo o juramento por medo da rejeição da comunidade. O avanço da modernização fez a prática diminuir, (acredita-se que existam entre 50 e 400 burneshas), mas ainda existem mulheres que escolhem virar homens para serem tratadas com respeito, ou para evitar o casamento e ser separada da família, outras alegam que sempre se sentiram mais masculinas do que femininas.
Outro motivo para uma albanesa decidir virar homem é a família não ter filhos homens, como foi o caso de Qamile Stema, de 87 anos. Ela foi a nona filha depois de 8 meninas e, para agradar seu pai, decidiu se tornar burnesha. Como só os homens herdavam a riqueza da família ela se viu sem escolha, a não ser se tornar o “filho desaparecido”.
Fontes: babelmed e hypescience